CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

7 262 - A véspera da independência de Angola; o último dia da soberania portuguesa!

Fortaleza de Luanda, a 9 de Outubro de 2019: as estátuas de Luís de Camões, Diogo Cão (o descobridor
de Angola) e D. Afonso Henriques (o primeiro Rei de Portugal. Memória histórica salvaguardada
pelos angolanos, honrando o seu passado!
O Almirante Leonel Cardoso no discurso na cerimónia de pro-
clamação da independência de Angola, às 12,20 horas de 10 de
Novembro 
de 1975, no Palácio do  Governador, em Luanda. 
Foto de Leonel Cardoso, filho).  Ver AQUI


O último discurso da soberania de Portugal em Angola foi proferido às 12,20 horas de 10 de Novembro de 1975, pelo Alto Comissário Leonel Cardoso, no Palácio do Governador.
«Portugal nunca pôs, nem poderia pôr em causa a data histórica de 11 de Novembro, fixada para a independência de Angola, que não lhe compete outorgar, mas simplesmente declarar», afirmou o último representante da soberania portuguesa em Angola.
Hoje se fazem 48 anos!
«Nestes termos, em nome do
Última continência à Bandeira de Portugal!
Presidente da República Portuguesa, proclamo solenemente - com efeito a partir das 00,00 horas do dia 11 de Novembro de 1975 - a independência de Angola e a sua plena soberania, radicada no Povo Angolano, a quem pertence decidir as formas do seu exercício», disse o Alto Comissário, acrescentando que «e assim, Portugal entrega Angola aos angolanos depois de quase 500 anos de presença, durante os quais se foram cimentando amizades e caldeando culturas, com ingredientes que nada poderá destruir».
«Os homens desapareceram mas a sua obra fica. Portugal parte sem sentimentos de culpa e sem ter que se envergonhar. Deixa um país que está na vanguarda dos estados africanos; deixa um país de que se orgulha e de que os angolanos podem orgulhar-se», disse Leonel Cardoso.
O discurso pode ser lido AQUI.

A última Bandeira de Portugal a ser arreada em
Angola. Há precisamente 48 anos!

A Bandeira de Portugal
arreada na Fortaleza !


O dia 10 de Novembro de 1975, em Luanda, foi de «tranquilidade total», segundo relatou o «Diário de Lisboa». 
«O presidente Agostinho Neto proclamará esta noite, às 00,0 horas, a independência de Angola, sendo horas depois investido no cargo de Presidente da República, devendo Lúcio Lara desempenhar as funções de 1º. Ministro», noticiava o DL, acrescentando que «uma ampla mobilização popular assegura a limpeza da cidade e a sua decoração, enquanto as FAPLA, substituindo-se aos militares portugueses, garantem a ordem pública e a protecção de todos os cidadãos».
A Bandeira Portuguesa, noticiava o jornal, «será arreada esta tarde, ao por do sol, na fortaleza de S. Miguel, começando de seguida o embarque dos navios Uíge, Niassa e Gil Eanes dos fuzileiros e paraquedistas, últimas forças portuguesas a abandonarem o território angolano».
Assim foi anunciado o grande dia da nação angolana. Faltava saber as posições da FNLA (a norte) e da UNITA (a sul).
Os soldados condutores António Picote, Manuel
Alves e Alípio Canhoto Pereira, todos da CCS

Picote, condutor da CCS, faria
71 anos. Faleceu em 2018 !


O soldado António do Rosário Picote foi condutor-auto da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e hoje, dia 10 de Novembro de 2023, faria 71 anos. Faleceu em 2018!
O Picote foi o primeiro condutor a ter um acidente em Angola, logo nos primeiros dias da comissão e na picada à saída da vila do Quitexe para Camabatela, logo depois do cemitério. Nunca se soube «livrar» desse estigma por toda a jornada africana, dele se culpando, por disso ser acusado, nas brincadeiras de caserna - que ele levava a sério, desnecessariamente se auto-penalizando.
O furriel miliciano sapador Joaquim Farinhas era um dos militares da CCS que seguia na viatura «saiu» com um braço partido deste acidente.
O Picote vivia no lugar de Casal do Chão, nem por acaso na Rua do Picote, na freguesia de Á-dos-Negros, concelho de Óbidos, e lá voltou a 8 de Setembro de 1974. Foi lá que o «achámos» em Agosto de 2012, há 10 anos, cheio de saudades dos amigos de tropa», que, ele o disse, nunca esqueceu.
Trabalhou na construção civil e, depois, 28 anos (os últimos da sua vida activa) na Câmara Municipal de Óbidos, de que aposentou em 2009. Solteiro e com pouca família directa, fez «uns biscates para entreter» nos seus últimos anos de vida - quando, solteirão, a partilhou com uma senhora negra da Guiné-Bissau.
Faleceu, de doença, a 16 de Agosto de 2018 e hoje o recordamos com saudade. RIP!!

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