Aguiar, Casal e Alvarito numa rua do Quitexe
Longe vão os tempos
em que os três homens do “morse” se passeavam pela vila do Quitexe! Por alguma
razão, que não recordo, sei que foi dia de fotos, a avaliar pelas que guardo no
meu arquivo pessoal, todas tiradas no mesmo dia.
Gabarolice à parte,
um trio de se lhe tirar o chapéu! É o que concluo depois de uma retrospectiva
dos quase 27 meses em que distribuímos e cozinhámos tarefas e, principalmente,
nos apoiámos incondicionalmente em momentos mais delicados. Momentos da esfera
militar, que não foram poucos, mas também de ordem privada, aqueles que se
partilham apenas restritamente.
Juntos desde a
recruta e na especialidade no RTM do Porto, viríamos a ser mobilizados para
Angola, para a mesma Companhia. No Quitexe, esperava-nos a mesma casa e, vejam
bem, o mesmo quarto! Quarto bem espaçoso, com cada um no seu canto e respeitador
do espaço alheio! Nada de confusões, porque ali não havia
rebaldaria!
Havia, isso sim, era
muita conversa e da boa! Conversa de malta de 22 anos, que ainda hoje (os três)
recordamos nos termos de então, não com rubor nas faces porque já não somos
meninos para tal, e porque disfarçamos o fora de tempo (de idade) com umas
gargalhadas!
Ao tempo, as
conversas só podiam relacionar-se com cachopas, umas de cá e outras de lá,
negras, mulatas, e outras coisas mais que aqui não digo!
As constantes trocas
de escala, a título particular, era já quase um hábito, e tudo teria de ser bem
cozinhado. O Furriel Teixeira, responsável pelas escalas, não arriscava uma
alteração e muito menos queria saber se havia trocas, ou não! A simples
possibilidade de chegar aos ouvidos do Capitão Amadeu Coelho tirava-lhe o
sono!
«Não sei de nada nem quero saber, vocês são todos
doidos»!..., resmungava ele já de
costas voltadas e dedos nos ouvidos!
Desta forma, todas as
trocas seriam por nossa conta e risco, mas fizemo-las sempre com espirito de
entreajuda e camaradagem!
Às vezes, o Alvarito
abusava um pouco, baldava-se demais - era no que dava ser menino bonito do
futebol! Perdia-se (ou achava-se!) nas noites da elite Carmoniana, palco que
pisei uma única vez, onde quase se acotovelavam belezuras de todas as cores, na
busca de noites escaldantes, porque também elas na ardente fogosidade dos seus
vinte e tais anos! Outras, bem mais sabidas e de lábia e insinuações sensuais
bem ensaiadas e apuradas, na busca de um incauto que se excedesse nas noites de
enleios e a levasse, no pós-pecado, ao altar de véu e grinalda! Era assim…como
uma espécie de descamisada, de cá, na década de 60, mas sem a beleza natural e
genuinidade das moçoilas de então!!!
Pois é, com todo este
manancial de temas quentes por explorar, agora imagine-se o tipo de blá blá blá
naquelas noites igualmente quentes, e que tirava o sono ao trio do morse! Ao
trio do morse e outros trios espalhados por outros quartos e casernas do
Quitexe, vila que corria (sabia-se lá!...) o risco de incêndio, face a tanta
chama…de conversa!
O Aguiar, sobre quem
escreverei entretanto, era o mais responsável de nós! Funcionava como bitola e
moderador nos temas mais abrasivos!
Sem quaisquer
vaidades, digo eu, excelente trio! Ao tempo do Quitexe…, e de
hoje!
ANTÓNIO CASAL DA FONSECA
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CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!
CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!
sábado, 21 de abril de 2012
1 262 - Os homens do morse dos «caçadores» do Quitexe
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