CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 21 de abril de 2012

1 262 - Os homens do morse dos «caçadores» do Quitexe


Aguiar, Casal e Alvarito numa rua do Quitexe

Longe vão os tempos em que os três homens do “morse” se passeavam pela vila do Quitexe! Por alguma razão, que não recordo, sei que foi dia de fotos, a avaliar pelas que guardo no meu arquivo pessoal, todas tiradas no mesmo dia.

Gabarolice à parte, um trio de se lhe tirar o chapéu! É o que concluo depois de uma retrospectiva dos quase 27 meses em que distribuímos e cozinhámos tarefas e, principalmente, nos apoiámos incondicionalmente em momentos mais delicados. Momentos da esfera militar, que não foram poucos, mas também de ordem privada, aqueles que se partilham apenas restritamente.

Juntos desde a recruta e na especialidade no RTM do Porto, viríamos a ser mobilizados para Angola, para a mesma Companhia. No Quitexe, esperava-nos a mesma casa e, vejam bem, o mesmo quarto! Quarto bem espaçoso, com cada um no seu canto e respeitador do espaço alheio! Nada de confusões, porque ali não havia rebaldaria!

Havia, isso sim, era muita conversa e da boa! Conversa de malta de 22 anos, que ainda hoje (os três) recordamos nos termos de então, não com rubor nas faces porque já não somos meninos para tal, e porque disfarçamos o fora de tempo (de idade) com umas gargalhadas!

Ao tempo, as conversas só podiam relacionar-se com cachopas, umas de cá e outras de lá, negras, mulatas, e outras coisas mais que aqui não digo! 

As constantes trocas de escala, a título particular, era já quase um hábito, e tudo teria de ser bem cozinhado. O Furriel Teixeira, responsável pelas escalas, não arriscava uma alteração e muito menos queria saber se havia trocas, ou não! A simples possibilidade de chegar aos ouvidos do Capitão Amadeu Coelho tirava-lhe o sono!

«Não sei de nada nem quero saber, vocês são todos doidos»!..., resmungava ele já de costas voltadas e dedos nos ouvidos!

Desta forma, todas as trocas seriam por nossa conta e risco, mas fizemo-las sempre com espirito de entreajuda e camaradagem! 

Às vezes, o Alvarito abusava um pouco, baldava-se demais - era no que dava ser menino bonito do futebol! Perdia-se (ou achava-se!) nas noites da elite Carmoniana, palco que pisei uma única vez, onde quase se acotovelavam belezuras de todas as cores, na busca de noites escaldantes, porque também elas na ardente fogosidade dos seus vinte e tais anos! Outras, bem mais sabidas e de lábia e insinuações sensuais bem ensaiadas e apuradas, na busca de um incauto que se excedesse nas noites de enleios e a levasse, no pós-pecado, ao altar de véu e grinalda! Era assim…como uma espécie de descamisada, de cá, na década de 60, mas sem a beleza natural e genuinidade das moçoilas de então!!!

Pois é, com todo este manancial de temas quentes por explorar, agora imagine-se o tipo de blá blá blá naquelas noites igualmente quentes, e que tirava o sono ao trio do morse! Ao trio do morse e outros trios espalhados por outros quartos e casernas do Quitexe, vila que corria (sabia-se lá!...) o risco de incêndio, face a tanta chama…de conversa!

O Aguiar, sobre quem escreverei entretanto, era o mais responsável de nós! Funcionava como bitola e moderador nos temas mais abrasivos!

Sem quaisquer vaidades, digo eu, excelente trio! Ao tempo do Quitexe…, e de hoje!
ANTÓNIO CASAL DA FONSECA



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