Almeida Santos (em primeiro plano), Agostinho Neto, Melo Antunes, Holden Roberto, Mário Soares e Jonas Savimbi na Cimeira do Alvor (1975) |
O governante iria representar (e repre-
sentou) o Presidente da República, o general Costa Gomes, neste relevante passo do processo de descolonização de
Notícia do Diário de Lisboa de 30 de Janeiro de 1975 sobre a situação em Angola |
panhavam à distância e muito expectantes.
A véspera fora tempo de chegada a Luanda da delegação da FNLA que, em voo da Air Zaire, viajou de Kinshasa e integrava os seus futuros elementos do Governo de Transição de Angola.
«Milhares de pessoas concentraram-se no aeroporto de Belas, tributando-lhe uma recepção entusiástica», reportava o Diário de Lisboa, em despacho da ANI, dando igualmente conta que «formou-se depois um longo cortejo auto-
móvel, que atravessou algumas ruas da cidade, até à sede daquele movimen-
to» - presidido por Holden Roberto.
O MPLA, de seu lado, anunciou, em comunicado, que o presidente Agostinho Neto chegaria a Luanda no dia 4 de Fevereiro, uma «data histórica» para o mo-
vimento, dado que, frisava o mesmo documento, «foi na madrugada dessa da-
ta de 1961 que o MPLA iniciou a luta armada pela libertação do povo angolano, atacando as cadeias de Luanda».
O Fonseca, em 1º.plano. Atrás dele, o Carvalho. Mais atrás, Lajes e Flora |
O Fonseca não voltou
de férias de Portugal !
O Fonseca era furriel miliciano amanuense, veio de férias em Janeiro de 1975, devia voltar ao Quitexe no final do mês e... foi o voltas. Bem nos tinha dito ele!
José Carlos Pereira da Fonseca trabalhava no edifício do comando, mexia com papéis, coordenava o SPM e era um filósofo, com ideias sociais que ultrapassavam as nossas fronteiras de conhecimento. Nada de pecaminoso, pelo contrário! Era mesmo, nele todo, o Fonseca, um tipo fixe, que se empolgava numa boa discussão política mas que «perdia» na argumentação, por ser impaciente na alegação: chegava à área, rematava, rematava..., mas falhava o golo, atirava ao lado ou defendia o guar-
da-redes. Quando veio de férias, com o Bento e o Monteiro, há 43 anos, «avi-
sou-nos» que não voltaria ao Quitexe - o que achámos uma bravata. Era lá ele capaz de se tornar refractário!!!
Pois foi o que fez e mais nunca lhe foi posto o olho em cima.
Há para aí uma dezena de anos, tive um pé de orelha com ele, ao telefone, fi-
cando de um dia explicar como não voltou ao Quitexe, como arranjou tal cu-
nha! Esse dia ainda não chegou e não sabemos, por isso, como e com que argumentos há 43 anos ficou por Lisboa, provavelmente envolvendo-se nas labaredas revolucionárias do tempo e, assim, prolongando para a eternidade as férias nascidas no Quitexe.
Estamos ainda para rever o esguio Fonseca, sempre bem penteadinho e de bigode a pentear-lhe o beiço, de ar aristocrático e passo miúdo, mas ligeiro, que galgava as ruas do Quitrexe a ir e vir da secretaria do Comando.
Um abraço, ó Fonseca!
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