CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 3 de agosto de 2019

4 770 - A CCS e a 1ª. CCAV. 8423 em voo de Carmona para o Grafanil de Luanda!

Três Cavaleiros do Norte do PELREC, no aeroporto de Carmona e à entrada do avião dpara Luanda, a
3 de Agosto de 1975: 1º. cabo Fernando Soares (falecido em Abril de 2018), Dionísio Baptista e João
Marcos, todos atiradores de Cavalaria
Cavaleiros do Norte da CCS: NN e NN (sapadores?), 1º. cabo
 Emanuel (?) esoldado Cabrita. Sentados, os 1ºs. cabos
Grácio (sapador) e Vieira (Sacristão), os soldados Calçada
 e Amaral (sapadores) e o
 1º. cabo LucianoAlguém se
 lembra dos outros nomes?
BC12


O domingo de 3 de Agosto de 1975, há 44 anos, acordou tranquilo pelas bandas da uíjana Carmona mas com muita actividade no BC12, de onde iriam sair, para Luanda, duas Companhias dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423: a CCS e a 1ª. CCAV. 8423.
«Previamente, foi prevista a evacuação aérea das subunidades que não se deslocavam via terrestre e, desse modo, em duas levas de um DC6 e duas de NORD, foi transportada a CCS e a 1ª. CCAV. para o aquartelamento do Batalhão de Intendência de Angola, no Grafanil», historia o livro «História da Unidade».
Se Carmona estava minimamente pacífica, apesar das escaramuças com o ELNA da FNLA, o mesmo não de podia de dizer de Luanda - cidade na qual muitos Cavaleiros do Norte nesse domingo chegados ao Grafanil procuraram alimentação, que não existia no BIA do Grafanil - com instalações, aliás, miseráveis, abandonadas e degradadas, que tiveram de nos seguintes dias de ser limpas, para com o mínimo de dignidade receber os companheiros da 2ª. CCAV. e 3ª. CCAV. 8423 que, a 4 de Agosto, iriam sair de Carmona por terra e na épica (sabe-se hoje) coluna de mais de 700 viaturas.
Notícia do Diário de Lisboa de 4 de Agosto de
1975 sobre o tiroteio da véspera, em Luanda 

Tiroteio depois do
recolher obrigatório

Há precisamente 44 anos e em Luanda, na  verdade e pouco depois das 22 horas, ouviu-se intenso tiroteio no centro da cidade e numa altura em que alguns furriéis milicianos da CCS saíam da Messe de Sargentos da Avenida dos Combatentes  - de que socorreram para o jantar desse agora distante domingo de 3 de Agosto de 1975. O mesmo já tinha acontecido na hora do almoço, já a tarde ia bem entrada e numa cidade onde escasseavam géneros alimentícios e muitos restaurantes estavam fechados.
«Onde estamos nós metidos, mas o que é isto?...»; interrogaram-se, ainda que sem grande sobressalto e fazendo tempo para voltar ao Grafanil e ao BIA.
«A Polícia e o Exército Português cercaram imediatamente o bairro de onde provinham os tiros mas, ao que parece, sem efectuarem qualquer prisão», noticiava o Diário de Lisboa de 4 de Agosto de 1975, precisando que «embora todas as noites se ouçam tiros na capital angolana, é a primeira vez, desde há várias semanas, que se escutaram tiros uma hora só depois do recolher obrigatório, que começou ás 21 horas». 
CARMONA, a actual cidade do Uíge. Praça dos CTT, Câmara Municipal,
Tribunal e ZMN. Ao fundo, a Avenida Capitão Pereira. Os Cavaleiros
do Norte da CCS e da 1ª. CCAV. 8423 daqui saíram a 3 de Agosto
de 1975, há precisamente 44 anos!

Carmona de 1975,
em olhar de saudade!

A CCS e a 1ª. CCAV. 8423 deixaram Carmona nesse domingo de 1975, véspera do adeus definitivo da presença militar portuguesa em terras uíjanas - quando de lá rodaram a 2ª. CCAV. e a 3ª. CCAV. 8423.
Quando levantaram voo os aviões, ficámos, nos últimos suspiros uíjanos, a espreitar a cidade pela última vez, cidade onde desde 2 de Março desse ano de 1975 passaram os Cavaleiros do Norte o tempo mais delicado e trágico da sua jornada africana do Uíge angolano. A primeira semana de Junho, a dos sangrentos combates entre FNLA e MPLA testemunham esses tempos de tragédia, regada com o sangue de centenas de angolanos das várias barricadas que assumiam a independência.
O último olhar sobre a capital do Uíge ainda hoje, 44 anos que já lá vão, está fresquíssimo na memória: uma cidade moderna, jovem, febril e super-activa, parecendo desenhada a régua esquadro, os seus bairros e jardins onde se semeavam verdes, a malha urbana, os bairros habitacionais compartilhados por brancos e negros, angolanos de todas as cores, credos e origens!
Os bairros populares e a piscina, a zona industrial, a praça dos serviços públicos: Tribunal, CTT, Paços do Concelho e Comando Militar. Tudo está em memória de saudade da terra uíjana de Angola!"
Gabriel Silvestre
da 2ª. CCAV. 8423

Silvestre de A.Viçosa, 

67 anos em Abrantes !

O Silvestre foi soldado atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, e festeja 67 anos a 3 de Agosto de 2018.
Gabriel Duarte Silvestre, é este o seu nome completo, é natural do lugar de Lagarinho, da freguesia e concelho de Abrantes, lá regressou a 10 de Setembro de 1975, no final  da sua jornada africana de Angola, por terras do Uíge. Pouco mais sabemos dele, a não ser que actualmente vive no Vale da Hora, da freguesia de Bemposta, também em Abrantes. Para lá, e para ele, vai o nosso abraço de parabéns! 

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