Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa: 1ºs cabos Luís Alves e João F. da Silva Inácio (que amanhã faz 69 anos na Covilhã) e soldado António Venâncio |
Há 47 anos, o dia 6 de Maio de 1974, foi uma segunda-feira e o quarto da Instrução Altamente Operacional (IAO) que o Batalhão de Cavalaria 8423 (BCAV. 8423) fazia na Mata do Soares, nos arredores do Campo Militar de Santa Margarida.
A partida para Angola já tinha data marcada: 27 de Maio. Mas seria, afinal, adiada por dois dias - quando, a 29, de Lisboa e sobre a rota Rota do Atlântico, a CCS finalmente voou para Luanda.
Furriéis milicianos Norberto Morais e António Lopes. Atrás deles, está o bar e messe de sargentos do BCAV. 8423, no Quitexe |
O dia foi também tempo para o Carlos Alberto Aguiar Lajes, atirador do PELREC, voltar ao Hospital Militar Regional nº. 3 (em Tomar), para nova consulta externa de cardiologia. Voltou às 15 horas e já lá tinha estado e de lá voltado no dia 3 desse Maio de há 47 anos. Viria a ser, no Quitexe, o homem do bar e da messe de sargentos.
MPLA rejeitou
Estado Federal
Angola interessava-nos todos os dias e essa fome de notícias da terra que nos iria receber era «morta» nos jornais de Lisboa.
O projecto de um Estado Federal, suscitado pelo general António de Spínola (o Presidente da República) foi desde logo rejeitado pelo MPLA. «(...) Somos entidades diferentes. Angola não é Portugal, como o não é Guiné-Bissau e Moçambique. Recusamos a ser considerados portugueses de pele negra», disse Jorge Paulo Teixeira, director de Informação e Propaganda do MPLA, falando em Argel, sublinhando também que «a Junta de Salvação Nacional deverá adoptar uma posição clara no que respeita ao colonialismo português em África».
Expulsão dos «pides» e 16 não
negros entre 500 cadáveres!
Um ano depois, em 1975, a notícia do dia tinha a ver com a expulsão dos agentes de PIDE/DGS que ainda estavam em Angola, por decisão do Conselho de Ministros. Teriam de sair até 15 de Maio.
«O MPLA exigiu ao Alto-Comissário português que todos esses agentes sejam imediatamente detidos, afim de não tentarem a fuga», reportava o Diário de Lisboa de 6 de Maio de 1975.
Grande parte dos agentes da antiga PIDE/DGS estavam integrados na Polícia de Informação Militar (PIM) portuguesa e o Diário de Lisboa noticiava que «sabe-se que nos acontecimentos de Março último, esses agentes colaboraram com a FNLA». Observadores políticos de Luanda, por sua vez, consideravam que «esti-veram envolvidos activamente nos acontecimentos do último fim de semana».
Ainda sobre estes, entidades da morgue anunciavam que «dos 500 cadáveres recebidos, só 16 não são negros». E acrescentavam «recear que hajam outra 500 vítimas, cujos corpos não deram entrada na casa mortuária».
J. Inácio, 1º. ca- bo de A. Viçosa |
Inácio de Aldeia Viçosa,
65 anos na Covilhã
O 1º. cabo João Francisco da Silva Inácio, da 2ª. CCAV. 8423, comemora 69 anos de vida a 7 de Maio de 2021.
Atirador de Cavalaria, jornadeou por Angola começando por Aldeia Viçosa e continuando em Carmona, no BC12, antes de rodar para o Campo Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda - local da derradeira etapa da sua presença em terras de Angola.
Regressou a Portugal e a Cortes do Meio, freguesia do concelho da Covilhã, a 10 de Setembro de 1975. Por lá tem feito vida e para lá vai o nosso abraço de parabéns!
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