5 679 - Os caminhos da nova Angola, em cimeira, e o furriel que veio de férias a Portugal e não voltou ao Quitexe!

Cavaleiros do Norte do Quitexe. Atrás e da esquerda para a direita, furriéis Capitão, Cardoso , 1º. cabo Almeida (cozinheiro), Lajes (do bar) e furriel Flora. Depois, furriéis Cruz (de mão à frente dos óculos),
NN,  Costa (morteiros), Reino e Carvalho. À frente, furriéis Bento, Grenha Lopes, Fonseca e Rocha

Jornal «A Província de Angola» de 11 de Janeiro de 1975, há
47 anos e com notícias da Cimeira do Alvor na 1ª. página

A 11 de Janeiro de 1975, há 47 anos, o Quitexe e os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e de todo o Uíge receberam notícias do Alvor algarvio português - onde, na véspera, se iniciara a Cimeira entre Portugal e os três movimentos de libertação de Angola.
A personalidade mais em evidência nas negociações, do lado português, era, segundo o jornal «A Província de Angola», o major Melo Antunes, «cuja forte personalidade parece dominar, realmente, o lado português, isto sem quebra de prestígio para Mário Soares e Almeida Santos».

Os pontos cruciais das negociações eram  a constituição do Governo Provisório, o funcionamento do Conselho de Ministros e o dia dos serviços (da competência do respectivo ministro), mas a decisão política das decisões seria do Gabinete, funcionando como órgão colegial. Assim se evitariam, acreditava-se, os atritos entre os movimentos de libertação, responsabilizando-se colectivamente todos e cada um. O outro ponto básico que demoraria mais tempo a resolver era, sem sombra de dúvida, o da constituição e Comando das Forças Armadas da nova Angola. Jonas Savimbi, presidente da UNITA, já disse que concordava com um Comando Unificado, mas salvaguardava a segurança dos seus companheiros de luta. A opinião dos outros dirigentes é, igualmente significativa: Exército unificado no comando, mas salvaguarda dos seus militantes, da sua individualidade de guerrilheiros e de membros dos movimento

O furriel Bento e esposa
há dias e em Castelo Branco

Furriel J. Monteiro

Os 3 furriéis de férias em Portugal

e o Fonseca que não voltou a Angola

A Cimeira do Alvor decorria no algarvio Hotel Penina, há 47 anos, e os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, na Angola uíjana, continuavam nas suas expectantes calmas - observando as negociações, tanto quanto que era possível.

Os furriéis milicianos Francisco Bento, José Augusto Monteiro e o José Carlos Fonseca, nesse entretanto, vieram de férias a Portugal e este nem sequer já voltou ao Quitexe - onde era amanuense, no Batalhão do Comando do BCAV. 8423. Em particular, era responsável pelo Serviço Postal Militar (SPM), com colaboração dos 1ºs. cabos Emanuel Santos e Rodolfo Tomaz, este a viajar quase diariamente para Carmona, para levar e trazer correio para e do Portugal Europeu. Nunca mais o vimos, ao Fonseca, embora há alguns a os com  tehamos falado telefonicamente.

Recuando 47 anos, poderemos imaginar quantos sonhos transportaram aquelas malas, que se enchiam de aerogramas (os bate-estradas), com apaixonados recados de amor, ou íntimos conselhos de familiares, ou o «diz-que-diz-que» dos amigos. Assim era, naquele tempo. O tempo que hoje é uma enormíssima saudade!
- Cimeira do Alvor no Jornal 
de Angola. Ver AQUI