A chegada dos Cavaleiros do Norte ao Grafanil, na coluna de Carmona (Uíge). Imagem da imprensa de Luanda de há 48 anos |
Victor Faustino (assinalado) e o alferes Carlos Silva, cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423 |
O soldado mecânico Victor Manuel Faustino foi Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, e, da Austrália, onde há muitos anos está emigrado, mandou-nos depoimento sobre a epopeica coluna de 570 quilómetros, de Carmona a Luanda, via Dondo e por 58,45 horas.
Coluna que, recordemos, chegou ao Campo Miitar do Grafanil às 12,45 horas de 6 de Agosto de 1975.
Ei-lo:
«Recordo bem essa coluna de Carmona para Luanda. A 3ª. CCAV. rodou na retaguarda, com uma companhia de Pára-quedistas, e as coisas complicaram-se muito à saída do Negage.
A FNLA não queria deixar passar os haveres dos civis que eram transportados em camiões e estivemos na iminência de um confronto bastante sério. Conseguimos controlar a situação a muito custo.
Os Fiat´s sobrevoaram a zona de conflito ao qual a FNLA chegou a abrir fogo contra os aviões. Foi difícil reagrupar a coluna, pois estava desmantelada face aos acontecimentos que iam aparecendo.
Ficámos a primeira noite entre Camabatela e Sanba Caju e, aí, conseguimos reagrupar parte da coluna na retaguarda, sendoi alguns de nós fomos distribuídos e colocados junto das viaturas civis afim de garantir a sua proteção.
Eu fiquei numa viatura civil nessa noite.
Reagrupamento e um
batalhão de jornalistas!
Rumámos a Salazar, hoje N´Dalatando, no dia aseguionte e ficámos mais uma noite, para reagrupar o resto da coluna.
Soubemos que a 2ª. Companhia e a Companhia de Comandos já tinham rumado a Luanda, provavelmente com mais de metade da coluna.
No dia seguinte, partimos para Luanda mais aliviados, em relação ao que tinha acontecido antes. Já perto de Luanda, na Estrada de Catete, mais precisamente em Viana, onde havia um posto de controle para quem vinha do sul, estava um batalhão de jornalistas e repórteres que cobriam os acontecimentos em Angola.
No dia seguinte, partimos para Luanda mais aliviados, em relação ao que tinha acontecido antes. Já perto de Luanda, na Estrada de Catete, mais precisamente em Viana, onde havia um posto de controle para quem vinha do sul, estava um batalhão de jornalistas e repórteres que cobriam os acontecimentos em Angola.
Reagrupámos o pessoal da 3ª. CCAV. 8423, depois de todos os civis terem passado o posto de controle.
Cansados, exaustos e mais tudo o que se possa pensar perante tais situações, finalmente fomos «despejados» no Grafanil, onde dormir no cimento e estivemos até regressarmos a Portugal no dia 11 de Setembro.
Basicamente foi isto que se passou com a 3ª. Companhia e a dos Pára-quedistas. Um grande abraço para todos vós camaradas do BCAV. 8423 e um muito especial para a rapaziada de Santa Isabel Saúde.
VITOR FAUSTINO
Jonas Savimbi, presidente da UNITA |
Ataque à UNITA na
Av. dos Combatentes
O dia 10 de Agosto de 1975 foi um domingo e mais um dias de vésperas dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 regressarem a Portugal.
Sem ainda, a esse tempo, saberem a data.
O dia foi tempo, em horas da madrugada, de graves confrontos na Avenida dos Combatentes, onde homens armados e desconhecidos atacaram a a sede da UNITA.
«Não identificados», relatava a imprensa luandina do dia, referindo que o tiroteio provocou pelo menos 3 feridos, entre os defensores do espaço do movimento de Jonas Savimbi.
O local foi de grande concentração e movimento de carros pesados, como que confirmando a saída da UNITA para o sul - onde procuraria «concentrar forças».
O local foi de grande concentração e movimento de carros pesados, como que confirmando a saída da UNITA para o sul - onde procuraria «concentrar forças».
O objectivo seria «assumir uma posição de força», a pretexto de um pretenso atentado ao avião pessoal de Jonas Savimbi - que estaria a ser preparado em Silva Porto, cidade que era controlada pela UNITA, depois de um acordo com o MPLA, que aceitou retirar, lá deixando apenas uma delegação política.
71 anos em Estremoz !
O furriel miliciano João Matias Mota Aldeagas, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda de Zalala, festeja 71 anos a 11 de Agosto de 2023. Amanhã.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, formou-se na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e, por terras do norte de Angola, também jornadeou por Vista Alegre/Ponte do Dange e cidades do Songo e de Carmona. Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975. Ao Monte da Raspadinha, na freguesia de Santa Vitória do Ameixial, concelho de Estremoz.
Alentejano dos bons, de bons chãos e sempre companheiro de «sinal mais», fez vida profissional pelas suas bandas e é um bem sucedido empresário agrícola, também um participante habitual dos encontros anuais dos «zalalas».
O furriel miliciano João Matias Mota Aldeagas, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda de Zalala, festeja 71 anos a 11 de Agosto de 2023. Amanhã.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, formou-se na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e, por terras do norte de Angola, também jornadeou por Vista Alegre/Ponte do Dange e cidades do Songo e de Carmona. Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975. Ao Monte da Raspadinha, na freguesia de Santa Vitória do Ameixial, concelho de Estremoz.
Alentejano dos bons, de bons chãos e sempre companheiro de «sinal mais», fez vida profissional pelas suas bandas e é um bem sucedido empresário agrícola, também um participante habitual dos encontros anuais dos «zalalas».
Mora na Estrada do Giz e para lá, e para ele, vai o nosso forte abraço de parabéns.
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