Algumas das primeiras notícias que me chegaram ao Quitexe (nas primeiras semanas de Junho de 1974) foram em forma de jornal. Uma delas, assaz surpreendente e curiosa, retirada da boca de uma portuguesa em Londres, nas comemorações do dia 10: «Não dêem a independência a Angola! Não dêem a independência a Angola! Não dêem a independência a Angola!».
Exactamente 3 vezes, assim falou a compatriota, aos microfones da RTP.
As coisa não iriam bem por Portugal, embora as labaredas revolucionárias continuassem a entusiasmar o povo. Mas era também por 10 desse Junho que o General Spínola, então Presidente da República, dava alertas para reflexão: «Nesta hora confusa, nesta hora mista, em que a traição campeia com o autêntico patriotismo (...)», disse o general, nas comemorações da base aérea da Ota.
O jornal semanário chegava-me às terça-feiras (o 10 de Junho foi a uma segunda e te-lo-ei lido, pois, a 18 de Junho) e relatava incidentes em Lisboa, com manifestações, cartazes rasgados e comícios improvisados e com polémicas. E nós no Quitexe, a pensar nestas coisas e na independência de Angola, de onde (apenas lá chegados há menos de mês) queríamos era vir embora.
Galvão de Melo, general da Junta de Salvação Nacional e ainda nós em Santa Margarida (a 27 de Maio), alertara para «o mau uso que se vem fazendo da liberdade ao povo de Portugal». Os enxovalhos a que muitos portugueses foram sujeitos, a falta de autoridade, os excessos do caldo revolucionário que se vivia, a indisciplina que medrava nos quartéis, alguma (ou muita) violência nas ruas, tudo isso dava que pensar.
«A anarquia acabará, fatalmente, por abrir a porta a novas ditaduras», avisa (e avisava-se) o general Spínola.
E nós, no Quitexe?
«Isto, mais mês menos mês vamos embora...», dizia o Neto, menos dado a leituras que eu, menos reflexivo e mais pragmático na hora das convicções e quando no quarto falávamos destas coisas.
«Mais menos menos mês, vamos embora...», persistia ele.
A verdade é que houve independência, mas os Cavaleiros do Norte por Angola ficaram até Setembro de 1975.
Exactamente 3 vezes, assim falou a compatriota, aos microfones da RTP.
As coisa não iriam bem por Portugal, embora as labaredas revolucionárias continuassem a entusiasmar o povo. Mas era também por 10 desse Junho que o General Spínola, então Presidente da República, dava alertas para reflexão: «Nesta hora confusa, nesta hora mista, em que a traição campeia com o autêntico patriotismo (...)», disse o general, nas comemorações da base aérea da Ota.
O jornal semanário chegava-me às terça-feiras (o 10 de Junho foi a uma segunda e te-lo-ei lido, pois, a 18 de Junho) e relatava incidentes em Lisboa, com manifestações, cartazes rasgados e comícios improvisados e com polémicas. E nós no Quitexe, a pensar nestas coisas e na independência de Angola, de onde (apenas lá chegados há menos de mês) queríamos era vir embora.
Galvão de Melo, general da Junta de Salvação Nacional e ainda nós em Santa Margarida (a 27 de Maio), alertara para «o mau uso que se vem fazendo da liberdade ao povo de Portugal». Os enxovalhos a que muitos portugueses foram sujeitos, a falta de autoridade, os excessos do caldo revolucionário que se vivia, a indisciplina que medrava nos quartéis, alguma (ou muita) violência nas ruas, tudo isso dava que pensar.
«A anarquia acabará, fatalmente, por abrir a porta a novas ditaduras», avisa (e avisava-se) o general Spínola.
E nós, no Quitexe?
«Isto, mais mês menos mês vamos embora...», dizia o Neto, menos dado a leituras que eu, menos reflexivo e mais pragmático na hora das convicções e quando no quarto falávamos destas coisas.
«Mais menos menos mês, vamos embora...», persistia ele.
A verdade é que houve independência, mas os Cavaleiros do Norte por Angola ficaram até Setembro de 1975.
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