Aquartelamento da fazenda Liberato (foto de Luís
Patriarca). Em baixo, João Nogueira, da CCAÇ. 209/RI21
A noite de Bruxelas ia a meio, em descontraída conversa de bar de hotel, quando tocou o telefone: era o Nogueira, do Liberato, da Companhia de Caçadores que se revoltou, deteve oficiais e sargentos (europeus e angolanos) e intentou avançar para Carmona, para o Comando de Sector.
A CCAÇ. 209/RI21 era de intervenção e principalmente formada por militares angolanos de todas as cores. Nunca interveio em coisa nenhuma e tempo houve, até, que por lá se sentiu abandonada e sem armas.
Nogueira, ao telefone, recapitulou a revolta, a detenção dos graduados europeus e o avanço para Carmona. Avanço que recuou já na estrada do café, indo os «zalalas» dar a volta pela Ponte do Dange. E porque se revoltaram? Nogueira, que por lá era condutor, filho de ferroviário europeu de Tomar, nem se lembra já: «Assim de momento, nem eu sei!!!», respondeu.
Oficiais e sargentos, de todo o modo, foram «todos postos no poiol» e, 38 anos depois, o condutor Nogueira dá conta que «já tinhamos contactos com a FNLA e depois com uma brigada móvel do MPLA».
E sabiam que vos esperávamos, antes do Quitexe?
O antigo condutor soltou uma gargalhagda e ficou-se por um misterioso «por alguma razão fomos dar a volta pela Ponte do Dange».
Nogueira, de resto, não tem complexos em assumir o estatuto dos revoltosos: «Éramos todos uns grandes malucos!!!...».
O que o antigo «liberato» queria, agora, era «encontrar malta daquele tempo». «Não sei de ninguém!!!», lamentou-se.
Já ficou a saber o paradeiro de um dos «detidos», o meu amigo Zé Marques, que por Liberato jornadeou como furriel miiciano Oliveira, o vagomestre. Natural do Caramulo, estudou e trabalhou em Águeda (onde reside), foi meu companheiro de escola e aposentou-se há pouco, da Caixa Geral de Depósitos.
- NOGUEIRA. João Luís Nogueira da Costa,
soldado condutor, natural de Tomar - onde
reside. Foipara Angola aos 5 meses, com a família,
de pai ferroviário. Viveu no Lobito,onde tem família.
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