Um helicóptero a aterrar na parada do BC12, em Carmona. Ao fundo,
um grupo de refugiados civis. À direita, algumas das suas viaturas (foto AA Cruz)
A 4 de Junho de 1975, o Conselho Coordenador do Movimento das Forças Armadas (MFA), em Luanda, emitiu um comunicado, dando conta de não haver baixas entre as tropas portuguesas, nos repetidos e geograficamente divididos incidentes de Angola.
Sobre Carmona, por onde, de arma na mão, sem sono e sem fraquejar, os Cavaleiros do Norte cumpriam o seu dever, à custa de sacrifícios incontáveis, dizia o comunicado:
«Na área de Carmona, como aliás sempre tem sucedido, em anteriores e nos actuais incidentes, a actividade das Forças Armadas Portuguesas tem sido absolutamente exemplar, tendo envidado os maiores esforços para, sem intervir directamente nos combates entre as forças dos movimentos de libertação, estabilizar de forma muito activa a situação, evitando o derramamento inútil do sangue do povo angolano e garantindo, na medida do possível, a continuação da vida económica das áreas afectadas».
Carmona, na verdade, continuava num ambiente tenso, mas, naquela noite de 4 para 5 de Junho, não se registaram incidentes. A tropa portuguesa ocupava as principais posições de cidade: hospital, abastecimento de água e fornecimento de electricidade, aeroporto, rede de reabastecimentos e circulação rodoviária. Porém, começaram a rarear mantimentos e continuava a recolha de feridos - alguns deles evacuados para hospitais de Luanda, por via aérea.
«Os que escaparam aos primeiros movimentos das operações refugiaram-se no Hospital, no Paço Episcopal e no aquartelamento português», noticiava o Diário de Lisboa desse dia, frisando que «a Força Aérea montou imediatamente um sistema de evacuação dos adeptos do MPLA e da população civil que lhe é afecta, enquanto o Exército Português procura impedir os «raids» dos homens de Holden Roberto, que retomam tragicamente os métodos da UPA, em 1961».
O Exército Português de que o DL fala eram os Cavaleiros do Norte! Nunca ninguém saberá quantas centenas, quantos milhares de vidas a sua corajosa e permanente actuação terá poupado nestes dias trágicos de Carmona, há 39 anos.
- UPA. União dos Povos de Angola,
a antecessora da FNLA.
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