Imagem (do furriel Carlos Letras) do comício da FNLA em Aldeia Viçosa, a 2 de Fevereiro de 1975 - há precisamente 42 anos. Registaram-se inci- dentes com o MPLA, porém «rapidamente sanados pelas NT» |
O comandante Bundula (aqui com a esposa) presidiu ao comício da FNLA de 2 de Fevereiro de 1975. Há 42 anos! |
Domingo, dia 2 de Fevereiro de 1975: dia de comício da FNLA em Aldeia Viçosa.
Os movimentos de libertação, ao tempo, procuravam «mostrar-se» ao povo, dando-lhe conta das suas propostas políticas e mostrar-se nas malhas urbana, depois de 13 anos de luta armada, principalmente nas matas.
A FNLA já lá tinha aberto a sua Delegação na vila, a 26 de Janeiro imediatamente anterior, e, agora, os seus quadros políticos procuravam sensibilizar os povos para a sua causa. A zona do BCAV. 8423 era principalmente afecta à FNLA de Holden Roberto, com pequenas faixas do MPLA de Agostinho Neto e pouca ou nenhuma gente da UNITA de Jonas Savimbi.
Comandante Bundula (FNLA), capitães José Manuel Cruz e José Paulo Fernandes e alferes João Machado |
Comandante Bundula
«comiciou» pela FNLA
A FNLA teve no comandante Bundula a autoridade máxima deste comício de Aldeia Viçosa e o alferes João Machado (da 2ª. CCAV. 8423) deste dia, e para além dos incidentes verificados e resolvidos, recorda as danças tribais, executadas por jovens angolanas semi-nuas (à moda da dança), o que atraiu muita gente ao local.
«Dançavam e cantavam palavras de ordem, ao mesmo tempo, fazendo coro com outros militantes do movimento», recordou o alferes João Machado, lembrado também do refrão, que lhe ficou na memória: «Lá-lá-lá... / efe-ene-ele-á» (..) «efe-ene-ele-á... / Lá-lá-lá...»
As jovens, muito ao jeito africano, saracoteavam o corpo e encenavam poses eróticas, que deslumbraram a assistência, particularmente a branca - e nomeadamente os soldados da 2ª. CAV. 8423, todos curiosos por ver o que era um comício (que nunca tinham visto) e, ao pormenor, espreitar os corpos cor de ébano que bailavam na sua frente e lhes inspiravam desejos.
O furriel João Dias, da 3ª. CCAV. 8423, comandou duas viaturas militares que levaram populares de Vista Alegre ao comício de Aldeia Viçosa |
Aquilo ia dando
para o... torto!
A guarnição portuguesa de Aldeia Viçosa era comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz e, neste domingo de comício, teve apoio (à segurança) de pelo menos um grupo de combate da 1ª. CAV. 8423, a de Zalala - que ao tempo estava em Vista Alegre.
O «zalaliano» furriel Manuel Moreira Pinto (de Operações Especiais, os Rangers) recorda que «aquilo ia dando para o torto», apesar de as NT rapidamente terem sanado os incidentes.
«Eles não se entendiam, só à pancada, e nós é que íamos comendo por tabela...», acrescentou o «Ranger» Manuel Pinto, recordando esse dia.
Quem também se recorda deste comício é o furriel João Custódio Dias (TRMS de Zalala): «Eu estava lá e recordo-o perfeitamente. Tinha ido de Vista Alegre a comandar duas viaturas militares que transportaram simpatizantes da FNLA para o comício», disse o agora inspector aposentado da PJ, a residir em Tomar.
O comício de há 42 anos foi «sem significado para a história do BCAV.», mas dele hoje aqui se faz memória para que a memória não morra sobre a jornada africana de Angola em terras do Uíge.
Celestino Baptista Marques da Eira |
Soldado Eira, 23
anos em Vista Alegre
O soldado Eira, garboso atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, fez 23 anos a 2 de Fevereiro de 1975, mas já em Vista Alegre.
Celestino Baptista Marques da Eira, de seu nome completo, era natural de Lousa, povoação da freguesia e concelho de Vila de Rei, mesmo no centro de Portugal, e lá regressou a 9 de Setembro de 1975. Lá morará e para lá vai o nosso abraço de parabéns pelos 65 anos que hoje festeja, neste ainda jovem 2017 das nossas vidas!
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