CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

3 667 - Jornal do BCAV. 8423 em Angola e eleições em Portugal












A edição de um jornal de parede foi uma das iniciativas do oficial de acção psicológica do Batalhão de Cavalaria 8423, pelo tempo de Fevereiro de 1975. «Teve a melhor adesão dos militares, seus únicos colaboradores, e a maior aceitação por sua parte», refere o Livro da Unidade.
Ao tempo e por razão da saída do alferes José Leonel Hermida, era o alferes António Manuel Garcia o responsável pela acção psicológica.
Jornal do BCAV. 8423
O tempo passa, já lá vão 42 anos!!!..., mas embora não sendo referida no documento de memória do BCAV. 8423, lembramos-nos da criação, por essa altura quitexana, de um pequeno estúdio fotográfico - no qual muitas fotos de militares foram reveladas (e, porventura, outras tantas estragadas). Não estamos certos, mas parece-nos que ficava nas traseiras da enfermaria. Muito provavelmente, a foto de abertura deste post foi lá revelada.
O jornal de parede do BCAV. 8423 incluía variada colaboração em prosa e verso, versando naturalmente questões relacionadas com a vida quotidiana do Batalhão. Apenas dispomos de um exemplar, o da comemoração do 1º. aniversário (que foi único) da chegada a Angola - cuja 1ª. página reproduzimos, aqui ao lado.


Carnaval no Quitexe 
e eleições em Portugal

O dia 9 de Fevereiro de 1975, há precisamente 42 anos, foi domingo de Carnaval, que pelo Quitexe pouco vimos, a não ser alguns sons que nos chegavam das sanzalas vizinhas: o Cazenza, Aldeia, Talambanza, as mais próximas. Mas sem curiosidade especial de nossa parte (o que já não aconteceria no dia 11, o dia de 3ª.-feira carnavalesca, dois dias depois, quando o PELREC regressava de uma escolta.
O domingo era mesmo domingo, para quem não estivesse de serviço, até se vestia a farda nº. 2 (a de saída e de festa), os mais crentes iam à missa do Padre Capela (na Igreja da Santa Mãe de Deus) e os mas abonados até dispensavam o rancho para irem almoçar ao Pacheco, ao Rocha ou ao Topete - restaurante da vila quitexana.
Era dia de correio, que chegava de Carmona ao fim da tarde, normalmente pelas mãos do 1º. cabo Rodolfo Tomás, e nesse dia chegaram notícias das eleições que se iriam realizar em Portugal. As primeiras, depois do 25 de Abril.
Partidos de há 42 anos, nas pri.
meiras eleições pós-25 de Abril
As eleições era um dos «pratos fortes» das vastas e fartas tertúlias da messe de sargentos (e noutros locais da guarnição, certamente), nalguns casos com posições muito extremadas, abundantemente discutidas e divididas entre as ideias que hoje se chamariam de direita e de esquerda, sem que na altura as identificássemos com a mínima clareza. 
O que eram PS, PCP, PPD (agora PSD) ou CDS para os militares da guarnição quitexana? Ou os já desaparecidos PDC, FSP, PCPT/MRPP, MDP/CDE ou MES, FEC/ML, LCI, UDP e AOC? Ou o PPM? 
Alguns deles nem chegariam ao acto eleitoral de 25 de Abril (só os da imagem) e, para a maioria de nós, pouco diziam e menos importavam. O que nos importava era a data de regresso a Portugal. 
Fazendo memória desse tempo de há 42 anos, recordamos os partidos que por essa altura se apresentavam a eleições:
- PS: Partido Socialista.
- PCP: Partido Comunista Português. 
- PPD: Partido Popular Democrático (actual PSD). 
- CDS: Centro Democrático Social. 
- PDC: Partido Democrata Cristão. 
- FSP: Frente Socialista Popular. 
- PCTP/MRPP: Partido Comunista dos Trabalhadores de Portugal/Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado. 
- MDP/CDE: Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral. 
- MES: Movimento da Esquerda Socialista. 
- FEC/ML: Frente Eleitoral de Comunistas (Marxistas-Leninistas). 
- LCI: Liga Comunista Internacionalista. 
- UDP: União Democrática Popular.
- AOC. Aliança Operária Camponesa. 
- PPM: Partido Popular Monárquico.
O que é que nos diziam estes partidos todos? Nada. Ou muito pouco. O nosso ponto de interesse estava centrado no regresso a Portugal, o que só viria a acontecer em Setembro desse ano de 1975.
O Gaiteiro em 74/75,
em cima, e actualmen-
te (em baixo)

Gaiteiro e Verde,
65 anos de vida!

O 10 de Fevereiro de 1975 foi dia dos então muito celebrados e viçosos 23 anos de dois Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423: o condutor Gaiteiro e o atirador de Cavalaria Verde. A brincar, a brincar, já lá vão 42 anos!

Américo Manuel da Costa Nunes Gaiteiro, da CCS (a do Quite-
xe), é natural de Perafita, em Matosinhos, e lá regressou a 8 de Setembro de 1975. Trabalhou na PETROGAL (em Matosinhos) e está aposentado, tratando-se de doenças da idade (a «nos-
sa» amiga próstata e a indispensável bexiga...) - que lhe tem dado algumas preocupações, mas não lhe tiraram a irreverên-
cia e a boa disposição. Faz regulares revisões médicas e diz ele que «está tudo sem problemas...». Mora em Rio Tinto.
O Verde em 2014
Joaquim Henrique Ferreira Pereira Verde, da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa), é originário do Casal da Cortiça, na freguesia de Barreira, em Leiria. Atirador de Cavalaria, está agora aposentado, depois de uma longa carreira profissional na área da serração de mármores e mora no Vale Gracioso, em Azóia, também em Leiria. Está de boa saúde e... recomenda-se.
Amanhã, ambos - o Gaiteiro e o Verde!... -comemoram 65 anos! Para ambos vai o nosso abraço de parabéns!


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