Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa: furriéis milicianos António Artur Guedes, José Gomes, António
Carlos Letras e Jesuíno Pinto. Em baixo, os soldados Leonel Sebastião (mecânico) e Manuel Joaquim
Oliveira (cozinheiro), de cigarro na boca e todos em momento de boa disposição, no S. Martinho de 1974
Cavaleiros do Norte da CCS e 3ª. CCAV., todos furriéis milicianos: Fernandes, Cardoso, Querido, um combatente da FNLA e Rocha. Em baixo, Carvalho, Monteiro e Belo |
O 1º. cabo Carlos Ferreira, da 1ª. CCAV. 8423, junto de uma avioneta, na pista da Fazenda de Zalala e em 1974 |
Granadas no jardim do Palácio do Governador
Vésperas de férias
«Duas granadas explodiram nos jardins do Palácio do Governador, não se tendo registado vítimas», reportava a imprensa, acrescentando que «soldados da FNLA ocuparam posições no como de alguns prédios» e que «ouviram-se também tiros de armas pesadas durante a noite, embora se de desconheçam os autores dos disparos».
A população dos bairros urbanos «continua(va) preocupada» pois, destacava a imprensa, «há elementos da FNLA que procedem a autenticas rusgas contra da vontade dos populares», apesar das directiva dos seus comandos, no sentido de não abandonarem os seus aquartelamentos».
O ministro Lopo do Nascimento «apresentou já um plano para normalizar totalmente a situação», na altura a ser apreciado pelo Alto Comissário (o general Silva Cardoso) e o Conselho de Defesa Nacional.
Ao mesmo tempo (e dia, o 26), o ELNA (da FNLA) convidava a população «a participar no funeral dos soldados que morreram durante os recontros que recentemente ocorreram nesta capital» - a cidade de Luanda - e o comandante Vassoura Timóteo ordenou «a todos os soldados que se mantenham nos respectivos aquartelamentos», frisando que «o mínimo gesto que se verificar contra os militantes e simpatizantes da FNLA, ou contra o ELNA, será considerado desafio aos inimigos do povo».
«A guerra é uma profissão. A morte é um destino. Liberdade e Terra», proclamou o comandante Vassoura Timóteo.
Os furriéis milicianos Viegas e Cruz na avenida
do Quitexe e no ano de 1974. Atrás, a messe de
oficiais (à es
querda) e a casa dos furriéis
|
Vésperas de férias
na imensa Angola
O tempo destes dias de Março há 42 anos foi tempo de véspera de férias para vários Cavaleiros do Norte. Particularmente dos furriéis milicianos Cruz e Viegas, que tinham «aprontado» um circuito por várias cidades, de norte a sul de Angola.
Iam, não iam? A situação militar permitiria que fossem? Permitiu, mas o descanso emocional só ficou garantido depois de uma conversa formal com o comandante da CCS (o capitão António Oliveira) e, depois desta, com o capitão José Paulo Falcão (o oficial de operações). «Tudo indica que sim, que podem ir...», disse-nos este oficial do BCAV. 8423. «Depois logo se vê...», acrescentou com um «aviso», porém: «Vocês tem de estar sempre localizados. Tratem disso...».
Viegas e Cruz em 2014, 39 anos depois, em Lisboa e nos jardins da Estufa Fria |
Felizmente, pudemos gozar as férias sem nenhuma «chamada» e começámos-las pela Luanda, que fervilhava e se dramatizava em combates fratricidas e onde, como acima se historia, até granadas eram atiradas para os jardins do Palácio do Governador.
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