Quitexe, a 24 de Setembro de 2019: o edifício da antiga enfermaria do BCAV. 8423 (casa azul), agora ao serviço do Estado Angolano (clicar para ampliar) |
O DL de há 44 anos: «Situação grave em Ango- la». A 17 dias da independência |
O comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se a Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423, há 45 anos, a 4 de Outubro de 1974.
O objectivo era, de acordo com o livro «História da Unidade», estabelecer
«contactos operacionais», numa altura em que começava a
Há 44 anos, o MPLA assinou o cessar-fogo e, segundo o Diário de Lisboa de 24/10/1974, preparava «a consolidação da paz» em Angola |
O que significava, para nós, Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, a probabilidade de anteciparmos o regresso a Portugal. Viria a ser, afinal, apenas em Setembro de 1975, 11 meses depois..., aos 15 meses de jornada africana do Uíje do norte de Angola. E nem imaginávamos o que nos esperava pelo tempo da ZA fora. Muito menos imaginaríamos os amargos e trágicos seis primeiros dias da primeira semana de Junho de 1975.
A casa do comandante do BCAV. 8423, no Quitexe. Já foi esquadra da Polícia Nacional de Angola e agora está assim. Foto de 24/09/019. Clicar na imagem, para a ampliar |
Situação grave
em Angola !
- Mobilização do MPLA e Angola «sujeita a uma invasão estrangeira»
Um ano depois, 24 de Outubro de 1975 e já com os Cavaleiros do Norte em Portugal, estava-se a 17 dias de independência e o Diário de Lisboa titulava: «Situação grave em Angola».
O MPLA controlava a capital e a maior parte do território e, em comunicado, frisava que «Angola está sujeita a uma invasão estrangeira, a soldo do imperialismo, a qual de processa em várias frentes».
O comunicado foi lido por José Van Dunnem, aos microfones da Emissora Oficial de Angola, e mobilizava «todos os homens, entre os 18 e os 35 anos», não para a frente de combate «sem instrução», porque «os efectivos regulares do MPLA são suficientes para as necessidades imediatas», mas para «constituir uma força militar mais ampla, face à invasão do território».
Diário de Luanda de 24 de Outubro de 1975 |
Combates no Quifandongo,
Porto Quipiri e Morro da Cal
A situação no Caxito tinha sido de «intenso duelo de artilharia» na véspera, mantendo-se mais ou menos as mesmas posições de MPLA e FNLA.
O MPLA «conserva(va) a cintura defensiva em torno de Luanda» e, segundo o seu Comité Central, «prepara o contra-ataque». No momento, segundo o despacho do Diário de Luanda para o Diário de Lisboa, «os combates desenrolam-se na zona do Quifandongo/Salassembas, Porto Quipiri e Morro da Cal». Ainda na área de Luanda, o MPLA anunciou «a libertação das áreas do Quizondo e Zemba, de onde os mercenários da FNLA foram expulsos».
A situação na Frente Sul, «pressionada pelas forças invasoras, constituídas por mercenários recrutados na África do Sul, pelo traidor Daniel Chipenda e por forças regulares daquela país, mantém-se grave», como relatava o jornal, frisando que «os agressores ultrapassaram já Chíbia (antiga General João de Almeida) e aproximam-se de Sá da Bandeira».
As FAPLA, segundo o Diário de Lisboa, «efectuaram um recuo estratégico para garantirem a defesa da cidade» e os dirigentes do MPLA opinavam que «este avanço sobre Sá da Bandeira poderá vir a transformar-se numa imensa ratoeira para os agressores, que poderão ser cercados e privados das suas fontes de reabastecimento, que residem totalmente em território administrado pela África do Sul, na Namíbia».
Do Norte angolano, do Uíge, é que não havia notícias na imprensa de 24 de Outubro de 1975. Há 44 anos! Continuava a ser «terra da FNLA»?
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