O trio da recente viagem a Angola e a terras do nosso saudoso Uíge: o João Nogueira (condutor da CCAÇ. 209/RI 21, a do Liberato), Viegas (furriel da CCS do BCAV. 8423) e Mário Ribeiro |
A 21 de Novembro de 1974, estava eu no uíjano Quitexe, na nossa angolana jornada africana, e fiz a viçosa idade dos 22 anos e, creio bem, foi a primeira vez que dei alguma importância a tal dia.
Cá por casa, pouca importância se dava a efemérides deste tipo, os meios não eram fartos, era modesta a família, e crescíamos com o desejo e gosto de,
O furriel Viegas, há 45 anos, altura dos 22, no Quitexe |
Lá pelo Quitexe de há 45 anos, foi bem diferente!! Talvez porque o moinho da saudade nos fazia mais nostálgicos e sentimentais, porque mais e melhor levedava o sentido de paixão e afecto pelas nossas gentes mais próximas, mas que estavam a milhares e milhares de quilómetros e nós em teatro de guerra, mais se quis «fazer» anos!
O dia correu bem, pois a sementeira de cumplicidades do grupo era grande - e a colheita maior!!! - e todos nos sentíamos irmãos, família e «amantes», diria!
Hoje, a horas de partir para Lisboa onde me vou juntar à parte da família que por lá governa a vida, voltei a reler algum correio da data, recebido pelos dias mais próximos desse tempo de 1974, e dou conta que alguns amigos, por esta ou outras razões, «desapareceram» do nosso palco diário.
É a vida! Não que falecesse a amizade e o carinho, mas as fronteiras do mundo separaram os nossos dias. E alguns já partiram para o além!
Há 45 anos, fiz a festa com amigos Cavaleiros do Norte, no Pacheco, com os apaparicos gastronómicos de D. Maria Lázaro, a cozinheira cabo-verdiana que fabricava sabores novos com as especiarias de lá.
Hoje, encontrei-me com dois companheiros de recente viagem ao Uíge da nossa saudade: o Mário Ribeiro, luso-angolano do Lobito, e o Nogueira, que foi condutor da Fazenda do Liberato, onde jornadeou a CCAÇ. 209/RI 21. Darei notícias.
O que resta do Restaurante Pacheco, na Avenida do Quitexe. Imagem de 24 de Setembro de 2019 |
Prisões em Luanda, por
assassínios e extorsão
O dia 21 de Novembro de 1974, há 45 anos e por Luanda, foi tempo de mais 6 presos, «com as mãos atadas atrás das costas, alguns deles feridos e apresentados à imprensa estrangeira» pelo MPLA.
Tinham sido capturados pelas Comissões de Vigilância do partido de Agostinho Neto, nos musseques. Um deles, acusado de assassínio; outro, de extorquir dinheiro em nome do MPLA; os restantes, de roubos - «todos acusados de se intitularem, falsamente, militantes do MPLA».
A FNLA, do seu lado da barricada, denunciava que «19 pessoas foram forçadas, recentemente, a abandonar os seus lares, no (bairro do) Catambor». Estavam «protegidas pelas Comissões da FNLA» e os seus dirigentes deixavam entender, segundo o Diário de Lisboa, que «teriam sido forçadas a abandonar as residências, na semana passada, por aderentes armados de um movimento rival - cujo nome não quis revelar». A Forças Armadas Portuguesas, por sua vez, anunciaram «um africano morto a tiro» e também «dois negros e dois brancos feridos com armas de fogo, na segunda e terça-feira» - dias 17 e 18.
As negociações em Argel, entre Melo Antunes e Agostinho Neto, decorriam em «clima de autêntica fraternidade», como disse o ministro sem pasta de Portugal.
Foi assim o meu dia de 22 anos. Há 45!
Henrique Ramos |
Ramos de Santa Isabel,
67 anos na Bélgica !
O soldado Henrique Ferreira Ramos, da 3ª. CCAV. 8423, festeja 67 anos a 22 de Novembro de 2019.
Condutor-auto dos Cavaleiros do Norte da Fazenda Santa Isabel, a subunidade do capitão miliciano José Paulo Fernandes, regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975 e fixou-se na Rua dos Silveirinhos, em S. Pedro da Cova, onde já residia. Foi árbitro de futebol e actualmente reside na Bélgica, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
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