O Agostinho Papélino, «suposto» engraxador do Quitexe, aqui com os furriéis milicianos Joaquim
Farinhas (falecido a 14 de Julho de 2005, em Amarante e de doença), Francisco Neto e Viegas.
Papélino terá falecido há 2 para 3 anos, disseram-nos no Quitexe, a 24 de Setembro de 2019
Farinhas (falecido a 14 de Julho de 2005, em Amarante e de doença), Francisco Neto e Viegas.
Papélino terá falecido há 2 para 3 anos, disseram-nos no Quitexe, a 24 de Setembro de 2019
O inesquecível Agostinho Papélino e a sua caixa de... engraxador |
BCAV. 8423 |
A relação dos Cavaleiros do Norte com a comunidade civil uíjana, era próxima, no geral e diria até (nalguns casos) que era íntima e seguramente cúmplice. Desde a que mais próximo lidava connosco, no dia a dia das povoações onde nos aquartelávamos, quer com o pessoal e famílias dos trabalhadores das fazendas - ora ainda nas que eram «sede» de companhias operacionais, ora pelas que eram espaço das nossas operações e patrulhas militares, ou simplesmente de escoltas às visitas do capitão médico Manuel Leal (que protegíamos).
O mesmo não diria das relações com alguns gerentes e encarregados de fazendas, normalmente brancos europeus de narizes muito empinados e que pouca (nenhuma) afeição tinham pela tropa que os protegia. E alguns problemas tivemos com essas «excepções».
Se quisesse personalizar em alguém a magia do relacionamento da tropa com civis angolanos, com o povo africano que era a gente do nosso tempo da jornada uíjana, logo me lembraria do incontornável e inesquecível Agostinho Papélino, que se fazia passar por engraxador, sem nada... engraxar. Fazia de conta!!! Mas era «unha com carne» com a guarnição, passando de uns batalhões para os outros.
Agostinho Papélino
terá falecido há 2/3 anos!
Papélino chamar-se-ia Agostinho e aparentemente não tinha família próxima. Era uma criança na pré-adolescência, esperto como um alho, mais sagaz que o que dava a entender..., o corneteiro-mor do Quitexe. Com uma mangueira de jardim, tocava todos os toques militares e até o Hino Nacional Português e o raspa.
A 2 de Março de 1975, quando saímos do Quitexe, pediu-nos (a mim e ao Neto) para o trazermos para Portugal: «Leva-me nos puto, esfurrié!»
Não lhe respondemos e por mim, passando-lhe a mão pela carapinha, dei-lhe uma nota de 20 angolares. Embrulhou-a na mão e fugiu, escondendo-se atrás das plantas da messe de oficiais e vendo-nos sair para Carmona. Soube que me procurou no BC12, algum tempo depois, mas nunca mais o vi.
Há dias, a 24 de Setembro de 2019, perguntei por ele, no Quitexe. Mal lembrado, disse-me um «mais velho» que, a ser quem ele supunha, teria falecido há dois ou três anos. Até já, Papélino!!!
Soares no Zaire,
Angola e Cabinda
O dia 23 de Novembro de 1974, há 45 anos!, foi o da chegada de Mário Soares a Kinshasa, onde foi participar nas comemorações da independência do Zaire.
«Venho para restabelecer relações normais e amigáveis, mas também para discutir a independência de Angola, que desejamos se faça na paz, na calma e liberdade», disse o ministro português dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que «o actual Governo de Portugal está sempre disposto a dialogar com os representantes de todos os movimentos de libertação».
Mário Soares, sobre a questão de Cabinda, afirmou que era «um problema de fundo», que, por via disso, não poderia ser tratado numa conferência de imprensa. E mais não disse.
Países africanos
ignoram a invasão
Um ano depois e com o país independente e em guerra civil, o Presidente da República, Agostinho Neto, acusou «a maioria dos países africanos de ignorarem a invasão de Angola pela África do Sul e Zaire».
O líder do MPLA falava à APS, agência oficial argelina, e substantivou a acusação: «A maioria dos países africanos está a trair-nos, permanecendo silenciosa sobre tal situação e evitando a condenação da África do Sul». Também não poupou a OUA, porque «ainda não disse uma palavra sobre os invasores zairenses e sul-africanos», mas acrescentou que «nós seremos serenos e firmes na nossa atitude com os racistas».
Angola ia assim, há 44 anos!
Florindo, enfermeiro do
Quitexe, 67 anos no Cartaxo!
O 1º. cabo enfermeiro Florindo, da CCS do BCAV. 8423, festeja 67 anos a 24 de Novembro de 2019.
Victor Manuel Nogueira Florindo, de seu nome completo, foi Cavaleiro do Norte da CCS, no Quitexe e em Carmona, e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 -no final da sua e nossa jornada africana apor terras do Uíge angolano. Vive no Cartaxo, a sua terra natal, onde é empresário do sector da restauração (na Rua dos Moinhos, onde é proprietário da Taberna das Cocharradas) e onde há dois anos resistiu a uma paragem cardíaca. Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!
O furriel miliciano António Carlos Le- tras, da CCAV. 8433, com várias crian- ças de Aldeia Viçosa. Era próxima a relação da tropa com os civis |
Agostinho Papélino
terá falecido há 2/3 anos!
Papélino chamar-se-ia Agostinho e aparentemente não tinha família próxima. Era uma criança na pré-adolescência, esperto como um alho, mais sagaz que o que dava a entender..., o corneteiro-mor do Quitexe. Com uma mangueira de jardim, tocava todos os toques militares e até o Hino Nacional Português e o raspa.
A 2 de Março de 1975, quando saímos do Quitexe, pediu-nos (a mim e ao Neto) para o trazermos para Portugal: «Leva-me nos puto, esfurrié!»
Não lhe respondemos e por mim, passando-lhe a mão pela carapinha, dei-lhe uma nota de 20 angolares. Embrulhou-a na mão e fugiu, escondendo-se atrás das plantas da messe de oficiais e vendo-nos sair para Carmona. Soube que me procurou no BC12, algum tempo depois, mas nunca mais o vi.
Há dias, a 24 de Setembro de 2019, perguntei por ele, no Quitexe. Mal lembrado, disse-me um «mais velho» que, a ser quem ele supunha, teria falecido há dois ou três anos. Até já, Papélino!!!
Almeida Santos, Mário Soares, Jonas Savimbi, Holden Roberto, Costa Gomes e Agostinho Neto |
Soares no Zaire,
Angola e Cabinda
O dia 23 de Novembro de 1974, há 45 anos!, foi o da chegada de Mário Soares a Kinshasa, onde foi participar nas comemorações da independência do Zaire.
«Venho para restabelecer relações normais e amigáveis, mas também para discutir a independência de Angola, que desejamos se faça na paz, na calma e liberdade», disse o ministro português dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que «o actual Governo de Portugal está sempre disposto a dialogar com os representantes de todos os movimentos de libertação».
Mário Soares, sobre a questão de Cabinda, afirmou que era «um problema de fundo», que, por via disso, não poderia ser tratado numa conferência de imprensa. E mais não disse.
Notícia do Diário de Lisboa com declarações do presidente Agostinho Neto |
Países africanos
ignoram a invasão
Um ano depois e com o país independente e em guerra civil, o Presidente da República, Agostinho Neto, acusou «a maioria dos países africanos de ignorarem a invasão de Angola pela África do Sul e Zaire».
O líder do MPLA falava à APS, agência oficial argelina, e substantivou a acusação: «A maioria dos países africanos está a trair-nos, permanecendo silenciosa sobre tal situação e evitando a condenação da África do Sul». Também não poupou a OUA, porque «ainda não disse uma palavra sobre os invasores zairenses e sul-africanos», mas acrescentou que «nós seremos serenos e firmes na nossa atitude com os racistas».
Angola ia assim, há 44 anos!
Cavaleiros do Norte: Victor Vicente e Eduar- do Tomé, da 2ª. CCAV., e os 1ºs. cabos Victor Florindo e Alfredo Coelho (Buraquinho) |
Florindo, enfermeiro do
Quitexe, 67 anos no Cartaxo!
O 1º. cabo enfermeiro Florindo, da CCS do BCAV. 8423, festeja 67 anos a 24 de Novembro de 2019.
Victor Manuel Nogueira Florindo, de seu nome completo, foi Cavaleiro do Norte da CCS, no Quitexe e em Carmona, e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 -no final da sua e nossa jornada africana apor terras do Uíge angolano. Vive no Cartaxo, a sua terra natal, onde é empresário do sector da restauração (na Rua dos Moinhos, onde é proprietário da Taberna das Cocharradas) e onde há dois anos resistiu a uma paragem cardíaca. Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!
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