CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

5 155 - O retorno a Portugal de 300 000 portugueses ! Comicio em Lisboa!

Caixotes de portugueses, os chamados «retornados», que se acumulavam no porto de Luanda no Verão
de 1975, à espera de transporte para Lisboa. Estimava-se, por esta altura, o
 retorno de 300 000 cidadãos
Cavaleiros do Norte  no Quitexe: Mendes (?) e Domingos
Teixeira, o estofador (atrás), João Monteiro (Gasolinas), 
Américo Gaiteiro e Porfírio Malheiro (sentados), Alípio
 (sentados), Alípio Canhoto (com a arma na mão) e 
António Pereira (à direita)

Os portugueses que fugiam da guerra angolana e chegavam a Lisboa - os chamados retornados - organizaram um comício na capital portuguesa, a 19 de Agosto de 1975, há 45 anos,  e exigiram «a intensificação do transporte de angolanos para a metrópole».
Transporte, reportava o Diário de Lisboa de há 45 anos, «através de todos os meios, incluindo (...) o fretamento de outras unidades e estudar, com urgência, a colocação dos desalojados nas respectivas empresas, formação de escolas ou criação de turnos especiais nas escolas e liceus para os filhos dos desalojados»

Estas e outro tipo de situações tardiamente (e mal) chegavam ao conhecimento dos Cavaleiros do Norte que, na verdade e nos últimos dias da nossa presença em terras de Angola, éramos solicitados uma «bateria» de pessoas a pedir ajuda, nomeadamente para mandar património para Lisboa: mobiliários e equipamentos domésticos, automóveis, outro tipo de bens, tudo o que fosse riqueza pessoal. 
Notícia do Diário de Lisboa de 19 de Agosto
de 1975, sobre o transporte de desalojados
 (e carga) de Luanda
 para Lisboa



O retorno a Portugal
de 300 000 portugueses ! 

O BCAV. 8423 continuava como unidade de reserva da RMA, já por uma vez tínhamos sido chamados a intervir num problema no bairro do Saneamento (perto do Governo Geral de Angola, como há dias aqui referimos), mas o essencial para nós, ao 14º.  para o 15º. mês da jornada africana de Angola, era, na verdade, saber a data do nosso regresso. O esperado dia 8 de Setembro.
Coincidentemente, ou não, o Instituto de Apoio aos Retornados Nacionais (IARN) já tinha aberto uma delegação em Luanda e preparava «acções de retorno de 300 000 cidadãos portugueses residentes em Angola», como noticiava o Diário de Lisboa desse dia. Inscrições até ao dia 31 de Outubro. E poderiam ser bem mais, admitia o jornal, citando o IARN, que informava estar «prevista uma margem de segurança para que aquelas acções possam, no mesmo período, atingir 350 000 pessoas».
O IARN adiantava, também, estar «planeado para o mesmo período um programa de transporte, por via marítima, de 170 000 metros cúbicos de carga pertencente aos referidos desalojados».
O furriel miliciano Viegas (à direita) com familiares dos
Neves Polido, em Abril de 1975 e em Nova Lisboa:
Idalina, Fátima, Octávio Valter e Rafael Polido

Os conterrâneos que o
blogger procurava !


A esse tempo de há 45 anos, a grande «indústria» que se desenvolvia em Luanda (e porventura por toda a Angola) era a da construção de caixotes, nos quais, com mais ou menos cubicagem, os colonos procuravam enviar para Lisboa os seus bens - de que acima falamos. Muitos terão conseguido, outros nem tanto.
Por mim e também por esse tempo, procurava saber de familiares, conterrâneos e amigos espalhados por Angola: os Resendes, a Cândida, o José Martinho, o João Lopes e o Mário Coelho e a Benedita, a Fernanda (em Luanda), Clemente, Anacleto e Mário Neves (na Gabela), Cecília e Rafael Polido, Manuel, Abílio e José Viegas, os Mirandas, o Orlando Rino (em Nova Lisboa), Higino Reis (em Sanza Pombo), a Maria Rosa e o Manuel (Sá da Bandeira) e outros que a memória agora não lembra. Eram mais de uma centena de conterrâneos espalhados pelo imenso território de Angola!
Felizmente, por uma ou outra vias, todos regressaram a Portugal e à nossa aldeia. Muitas vezes, nas ocasionais conversas do dia-a-dia, nos lembramos destes dias de há 45 anos.

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