Trio de condutores da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423: António do Rosário Picote (de Óbidos), Manuel Gomes Alves (do Fundão) e Alípio Canhoto Pereira (de Colmeal da Torre, em Belmonte) |
Sábado, dia 6 de Setembro de 1975! Como hoje! Mas há 456 anos!
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 continuavam expectantes e aquartelados no BIA, ao Campo Militar do Gafanil, e faziam passar a antevéspera do regresso da CCS a Portugal. De avião, abandonada que tinha sido a via marítima, a do navio «Niassa».
Alguns de nós fazem as derradeiras despedidas das gentes civis que,
O furriel Viegas ladeado por Albano Resende, amigo civil, e o capitão Domingues, que trabalhou no Comando do Sector do Uíge, em Carmona |
raízes. Outros, a maioria, já não sai do aquartelamento, sequer, e conta as horas que passam, lentamente, até às 6 da manhã do dia 8, a segunda-feira seguinte. A hora de saída para o aeroporto internacional de Luanda. E daqui para Lisboa!
De minha parte (Viegas), já nem consegui achar o amigo civil mais próximo, o Albano Resende, agora morador na Póvoa de Santo Adrião - a quem deixara a incumbência de, pelo tempo dos 10 dias da viagem marítima, ir pondo correio meu em Luanda para as pessoas minhas mais próximas, em datas pré-marcadas.
O objectivo era que não se sobressaltassem, por não receberem correio meu. No que deu isto? Deu a que, já estando eu em casa, ainda estavam a chegar correio meu. Que o Albano Resende, religiosamente e cumprindo o comigo acordado, ia deitando nos Correios de Luanda, sem saber que tinha eu viajado de avião. Não houve tempo para o «avisar».
Os presidentes Holden Roberto (da FNLA), Agostinho Neto (do MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA) |
Guerra fratricida
entre 3 movimentos
Angola continuava devassada de incidentes militares, combates aqui e acolá, numa permanente guerra fratricida que envolvia os três movimentos de libertação.
O MPLA denunciou «interferências estrangeiras que continuam a registar-se» e, por outro lado, admite «a possibilidade de internacionalização do conflito».
A cidade de Luanda vivia uma calma fictícia, repetiam-se escaramuças nas ruas e bairros da cidade, havia recolher obrigatório e faltavam abastecimentos. Nem sempre havia pão na mesa e cada qual se desenrascava como podia. Fossem civis, fossem militares. Enganava-se a fome por vez com meia dúzia de bolachas.
«Foram horas difíceis, quando a comida já não abundava...», comentava, há dias e muito singelamente, o Ângelo Simões Teixeira, que foi soldado de transmissões da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel.
Neste quadro, os Cavaleiros do Norte aguardavam a passagem rápida das horas, do fim de semana de 6 e 7 de Setembro de 1975, pois a madrugada de 8 seria a do regresso a Portugal. Regresso da CCS. Nos dias imediatamente seguintes e por esta ordem, a 1ª. CCAV. (a de Zalala, a 9), a 2ª. CCAV. (a de Aldeia Viçosa,. a 10) e a 3ª. CCAV. (a de Santa Isabel, no dia 11).
Rafael Farinha |
Farinha, 1º. cabo do Quitexe,
68 anos em Odivelas !
O 1º. cabo Farinha, mecânico-auto da CCS do BCAV. 8423, festeja 68 anos a 6 de Setembro de 2020.
Rafael Serra Farinha, de seu nome completo, foi Cavaleiro do Norte do parque-auto do Quitexe e do BC 12, em Carmona e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975. Fixou-se na Serra da Luz, que ao tempo pertencia a Loures (é agora do município de Odivelas).
Trabalhou sempre na área automóvel e, agora já aposentado, moderadamente mantém os seus serviços oficinais e fez «crescer» o ramo do comércio automóvel na Pontinha. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns!
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