Os milicianos furriéis Nelson Rocha, Manuel Machado, José Lino e António Cruz, com o alferes Pedrosa de Oliveira nas piscinas de Carmona e em 1975. Todos do BCAV. 8423! |
A parada do BC12 em Junho de 1975, com refugiados entre militares prontos a intervir e viaturas civis |
O furriel miliciano Manuel Machado é o organizador do encontro da CCS de 2022, a 10 de Setembro e em Braga, e vem hoje recordar uma história dos dias de Junho de Carmona:
Entretanto, tinha sido pedida ajuda aos Bombeiros de Carmona - que tinham disponibilizado um auto-tanque, mas que não se atreviam a deslocá-lo para o BC12, devido à beligerância entre os movimentos de libertação.
Os combates desse dia tinham-se intensificado e já estava dentro do quartel cerca de 1200 refugiados e o pessoal militar, com necessidades de higiene e limpeza, para além da confeção de refeições.
A preocupação do 1º. cabo cozinheiro foi devidamente contada ao oficial de dia - o alferes Pedrosa de Oliveira, da 2ª. CCAV. 8423, que já estava instalada no quartel - que me informou que toda a tropa operacional estava no exterior a fazer segurança aos bancos, ao hospital, ao Comando do Sector do Uíge, etc.
Restava o pessoal não operacional. Como já estávamos para lá das 17,30 horas, nas instalações do BC12 apenas estava o pessoal de serviço e os militares à espera do jantar.
Heroicos voluntários
para escolta d´água !
O alferes Pedrosa de Oliveira disse-me logo: «Tem que organizar uma escolta, para que o camião-cisterna possa vir para o quartel».
Dirigi-me à caserna da CCS, que conhecia melhor, e a um grupo de militares: «Preciso de voluntários para uma escolta».
Quase toda a gente se ofereceu e preparei uma coluna com uma Berliet e um Unimog 404. Arranquei na viatura da frente, como me competia, e entreguei o comando da viatura da retaguarda a um 1º. cabo do pelotão de manutenção, com indicação para responderem ao fogo que lhe fosse dirigido.
Atravessámos a cidade pela zona industrial, com paragem nos dois chek-points montados pela FNLA e até à zona das piscinas. Aqui, enquadrámos o camião-cisterna entre as duas viaturas militares e fizemos o caminho inverso sem qualquer problema, até ao quartel.
Este pequeno episódio só serve para prestar a minha homenagem a estes homens que, sem qualquer hesitação e sem medo, também arriscavam a sua vida, num local onde todo o dia houve fogo e íamos agora atravessá-lo de noite.
Estes são os anónimos que também fizeram a guerra e de quem muita gente desconhece a sua valentia e a generosidade. Pretendo apenas, passados que foram 47 anos, dar a conhecer um pequeno momento que demonstra, inequivocamente, a valentia destes homens e a honra que tive em os comandar por um breve lapso de tempo.
O lema do batalhão «Perguntai ao inimigo quem somos», aplica-se assim como uma luva a todos os militares do BCAV. 8423, sem qualquer distinção, porque todos cumpriram e até excederam as missões que lhe foram confiadas.
MANUEL MACHADO
A chegada da 2ª. CCAV.
8423 a Aldeia Viçosa !
O dia 10 de Junho foi tempo da chegada da 2ª. CCAV. 8423 a Aldeia Viçosa, ida do Grafanil.
Comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz, tinha corpo de oficiais formado pelos alferes João Machado, Jorge Capela, Carvalho de Sousa e João Carlos Periquito.
A subunidade do BCAV. 8423 foi recebida pelo tenente-coronel Almeida e Brito, o comandante dos Cavaleiros do Norte.
O dia, sendo agora o Dia de Portugal, de Camões e da Comunidades, está associado ao juramento de bandeira, em Santarém e na Escola Prática de Cavalaria, dos futuros furriéis milicianos Viegas (da CCS, a Companhia do Quitexe, futuro especialista de Operações Especiais, os Rangers), Plácido Queirós, Mota Viana, Victor Costa, João Aldeagas e José Louro e os já falecidos Jorge Barata (a 11 de Outubro de 1997, de doença e em Alcains), Américo Rodrigues (também de doença e em Vila Nova de Famalicão, a 30 de Agosto de 2018) e Eusébio Martins, igualmente de doença e em Belmonte (a 16 de Abril de 2014), todos da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala), Cruz, Freitas Ferreira, Mário Matos, João Brejo, José Fernando Melo, Rafael Ramalho, José Manuel Costa, José Gomes e António Artur Guedes (da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa) e Delmiro Ribeiro, António Flora, António Fernandes e Alcides Ricardo, José Fernando Carvalho, Graciano Silva, António Luís Gordo, Grenha Lopes, José Querido e o já falecido Luís Capitão, de doença e em Vila Nova de Ourém (a 5 de Janeiro de 2010), todos da 3ª. CCAV. 84233, a de Santa Isabel.
Agostinho Moreira |
o bruxo de Rio Moinhos
faria 70 anos !
O soldado Agostinho Mendes Moreira, da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda de Zalala, faria 70 anos a 10 de Junho de 2019. Faleceu, assassinado, em 2009.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e fixou-se em Rio Moinhos, em Penafiel, onde, entre outras actividades, se dedicou ao espiritismo, por isso sendo nacionalmente conhecido como o Bruxo de Rio Moinhos. «Arte» que por Angola passou despercebida a todos.
A 22 de Outubro de 2009, apareceu morto, barbaramente espancado e assassinado, aos 57 anos e no decorrer de um assalto à sua residência, com roubo de avultada quantia em dinheiro. Morava com um irmão, ambos solteiros, e este também fortemente agredido.
Condenados em primeiras instâncias, o Tribunal da Relação do Porto confirmou as penas aplicadas aos seus assassinos. José Cardoso apanhou a condenação mais pesada, com 20 anos de cadeia. Os outros dois cúmplices na morte, Angel Hernandez e Paulo Freitas, tinham apanhado 19 anos.
Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!
!
Nunes, o Valetas
Zalala, faria 70 anos !
O soldado José Gonçalves Nunes, da 1ª. CCAV. 8423, faria hoje 70 anos mas faleceu a 23 de Maio de 2018.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e por Zalala popularizado como Valetas, também passou por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, regressando a Portugal a 9 de Setembro de 1975, a Castelo Branco. Por lá fez parte da sua profissional e familiar - com dois filhos (um casal).
Também esteve emigrado em França, onde trabalhou como operador de máquinas, e faleceu, vítima de doença cancerosa, aos quase 66 anos de vida.
José G. Nunes (Valetas) |
Zalala, faria 70 anos !
O soldado José Gonçalves Nunes, da 1ª. CCAV. 8423, faria hoje 70 anos mas faleceu a 23 de Maio de 2018.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e por Zalala popularizado como Valetas, também passou por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, regressando a Portugal a 9 de Setembro de 1975, a Castelo Branco. Por lá fez parte da sua profissional e familiar - com dois filhos (um casal).
Também esteve emigrado em França, onde trabalhou como operador de máquinas, e faleceu, vítima de doença cancerosa, aos quase 66 anos de vida.
Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!
Hoje o recordamos com saudade.
Sem comentários:
Enviar um comentário