Rodrigues e um incêndio provocado na picada de Zalala
A segurança das picadas era essencial. O inimigo poderia espreitar-nos atrás de uma árvore gigante, ou escondido no capim imenso por logo onde poderia desaparecer dos nossos olhos. Por ela, pela picada, se fazia tudo. Até se provocavam incêndios.
O Rodrigues, que por Famalicão goza agora os bem-quereres da reforma, foi um dia encomendado para atear as margens da mítica picada da Zalala!
«E logo eu, que não percebia nada de incêndios», recorda-se ele, 38 anos depois.
A verdade é que, embora de imediato questionasse a ordem recebida, lá a cumpriu.
«Vais fazer uma queimada ao capim, na picada de Zalala», foi-lhe instruído, para determinado local.
A tarefa não tão fácil como se possa pensar mas ordens são ordens e são para se cumprirem e ele cumpriu-as. «Primeiro, tínhamos de verificar de que lado estava o vento e só depois ateávamos o fogo. O problema poderia ser o vento e o fogo virar-se contra nós», lembra o Rodrigues, a falar de memória das labaredas que lambiam as matas, em áreas de muitos quilómetros quadrados.
Agora, 38 anos depois, entende melhor o objectivo: «Evidentemente que, depois do capim queimado em volta da picada, ficávamos com ângulos de visão muito superiores, nos espaços envolventes, e isso era fundamental para a nossa defesa. Por vezes só depois de executarmos alguns trabalhos, que à primeira não entendíamos, dávamos posteriormente o seu valor e eficiência para a nossa estadia por aquelas bandas", opinou o Rodrigues.
Chama-se a isto a sabedoria da idade. Que, se bem se lembram, é um posto!
- RODRIGUES. Américo Joaquim da Silva Rodrigues, furriel
miliciano atirador de cavalaria, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
Aposentado, reside em Vila Nova de Famalicão.
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