Baía e marginal de Luanda, antes de 1975.
Foto-legenda do Diário de Lisboa de 1 de Abril de 1975
Luanda lá estava, aberta aos nossos olhos e apetites, quando lá chegámos, eu e Cruz, por agora se passam 39 anos. Íamos de férias e os nossos previsíveis constrangimentos, face à situação de (in)segurança, depressa foram (presumidamente) desanuviados pelo meu amigo Albano Resende, conterrâneo e contemporâneo que por lá fazia vida. «Podem andar à vontade, os problemas, as macas são fora da cidade...», disse ele, galgando a Ferreira de Almeida, no seu Toyota, pela Mutamba, para a baixa, direitinhos à Portugália.
Não era bem assim!
A leitura da imprensa da cidade, debitava alertas. Citado de memória, recordo um título: «A FNLA acusa das Forças Armadas Portuguesas». Mais grave ainda, o jornal «Liberdade e Terra», um diário da FNLA, denunciava o exército português por, no Ambriz, ter impedido uma sua coluna de marchar para Luanda. E dizia que as FAP eram as mesmas que tinham sido «o suporte de 48 anos de fascismo e 14 de guerra colonial».
A legenda da foto, com «um soldado do MPLA a festejar a festejar a vitória sobre os sucessivos das forças armadas da FNLA» é elucidativa. Durante uma semana, lê-se na imagem do Diário de Lisboa de 1 de Abril de 1975, «o ELNA tentou, em vão, ocupar as bases militares e as delegações do MPLA na região de Luanda».
O ELNA era o Exército Nacional de Libertação de Angola, braço armado da FNLA - que veladamente, no seu jornal diário, criticava as Forças Armadas Portuguesas. Na véspera, registara-se novo tiroteio na Avenida do Brasil e a FNLA prendera Couto Cabral, director dos Serviços de Informação - libertado hora e meia depois.
A verdade, porém - a nossa verdade ocular... - é que víramos uma cidade tranquila, com os jovens a dirigirem-se para as escolas, as lojas abertas, as esplanadas e restaurantes cheios, as salas de cinemas a rebentarem de gente, a noite luandina a chamar-nos para os prazeres e os cios da alma e do corpo!
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