Aeroporto de Luanda, no tempo da administração
portuguesa. O Forte de S. Pedro da Barra (em baixo)
portuguesa. O Forte de S. Pedro da Barra (em baixo)
Luanda, aos dez dias de Abril de 1975. Eu e o Cruz estamos de malas aviadas para Nova Lisboa, num voo da TAAG, que lá nos pôs em pouco tempo. Quem nos levou ao aeroporto foi um taxista branco (europeu e antigo soldado da guerra colonial), muito preocupado com a situação e crítico dos governos - o de Luanda e o de Lisboa. E acusando a tropa de nada fazer para salvar a pele da comunidade branca, europeia.
Já estamos habituados, desde o Quitexe (menos) e Carmona (bem mais), a este tipo de acusações e críticas. Não lhe damos importância.
A FNLA, entretanto e em Lisboa, era acusada pelo Comité de Acção 4 de Fevereiro (do MPLA), de controlar o aeroporto: “Todas as aproximações dos finais das pistas estão sob “controlo” anti-aéreo da FNLA, quer através do Forte de S. Pedro da Barra, quer da sua delegação da Estrada de Catete, onde estão montadas armas pesadas anti-aéreas, no terraço do edifício, acompanhadas com as respectivas munições”, leio, agora, no DL de 10 de Abril de 1975.
Assim, concluía-se que o aeroporto de Luanda “está temporariamemte ameaçado por forças militares que escapam ao controlo do Governo de Transição e da Comissão Nacional de Defesa”.
O forte tinha sido “unilateral e inexplicavelmente cedido à FNLA, por ordem de N´gola Kabungu», ministro do Interior (indicado pelo movimento de Holden Roberto) e “contra a vontade do ministro das Obras Públicas”, que Alfredo Resende de Oliveira (nomeado pelo Governo Português).
O forte, acusava o Comité 4 de Fevereiro, “também ameaçava seriamente a entrada na barra e o porto de Luanda”, para além de ”ter servido de prisão e lugar de torturas do povo angolano e daí partirem os prisioneiros que foram chacinados no Caxito” - chacina que, e reporto do Diário de Lisboa de 10 de Abril de 1975, “esteve na origem do protesto dos médicos das Forças Armadas Portuguesas”.
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