Rotunda de Carmona, com o busto de Ricardo Matos Gaspar (RIMAGA), fundador da Fazenda de
Zalala (foto de Jorge Oliveira). Seria um dos fazendeiros a que se referia Daniel Chipenda (em baixo, foto da net)
A 18 de Julho de 1975, em Carmona, os Cavaleiros do Norte deixaram de estar em situação de prevenção simples e, passados os sustos e temores que estas situações sempre arrastam, vivia-se a espuma da alegre notícia da nossa saída para Luanda: seria a 3 de Agosto, através de uma gigantesca e delicada operação militar que estava a ser preparada.
Quem estava em Carmona era Daniel Chipenda, ao tempo secretário geral da FNLA (depois da sua dissidência do MPLA e da «extinção» da sua Facção Chipenda). Acompanhava a apanha do café e nós próprios, Cavaleiros do Norte, algumas vezes o escoltámos a fazendas. E, por uma vez, fizemos segurança a um comício no campo de futebol - quando falou às massas locais e aos muitos fnla´s fugidos às lutas de Luanda.
Prometeu-lhe ajuda da FNLA, para o realojamento, e é desse comício um seu célebre grito: «Nós vai derrubar o estátua do branco?!!!», perguntava ele à multidão.
«Vaiiiiiiiiiiiiiiiii!!!....», gritava o povo, no estádio do Recreativo do Uíge.
«Nãããããããõoooooooo!!!!...», respondia ele. E explicava: «A estátua faz parte da nossa história....».
Anos mais tarde, tive ocasião, em Águeda, de estar com ele e de recordar este dia - de que se lembrava, embora, naturalmente, não tivesse a menor ideia da minha pessoa. Ver AQUI.
A instabilidade social do Uíge, resultante dos incidentes dos primeiros dias de Junho e das escaramuças posteriores, levou a que muitos trabalhadores do café, normalmente bailundos, fugissem e a campanha estava em risco. Chipenda andou por lá a incentivar e coordenar essas tarefas, mas não havia grandes expectativas: não mais de 40 a 50% das 220 toneladas colhidas em 1974.
Luanda que continuava conflituosa e a viver os dramas da guerra civil, entre FNLA e MPLA. «Nas últimas 24 horas, não se registaram incidentes», relatava o Diário de Lisboa, em despacho desta data de 1975. Acrescentava que «a situação é difícil» e , categoricamente, afirmava que «o MPLA controla, de facto, a capital deste território, onde o exército da FNLA saiu completamente derrotado».
Luanda mantinha o recolher obrigatório, entre as 21 e as 6 horas da manhã, e 600 soldados da FNLA estavam barricados na fortaleza de S. Pedro da Barra - com alguns prisioneiro, não sendo expectável que fossem atacados pelo MPLA, devido à proximidade de uma refinaria da Petrangol, a 500 metros.
- DATA. A data de 18 de Julho, dia da visita de Daniel
Chipenda, foi agora confirmada, na reportagem do
Diário de Lisboa deste dia de 1975. No post de 10 de Maio de 2010,
já não dava esse mês (Maio) como certo. Ver AQUI
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