Restaurante Escape, em Carmona, a 19 de Dezembro
de 2012 (foto de Carlos Ferreira). Daniel Chipenda (em baixo)
de 2012 (foto de Carlos Ferreira). Daniel Chipenda (em baixo)
Aos 22 dias de Julho de 1975 - hoje se completam 39 anos!!!... -, Daniel Chipenda, falando em Carmona e através da Emissora Oficial de Angola, anunciou que Holden Roberto, o presidente da FNLA, “já se encontra em território nacional, para conduzir as operações militares do ELNA”.
Chipenda era o secretário geral adjunto e tinha já alguns dias de estadia em Carmona, onde acompanhava a campanha da apanha do café. Falava a partir de lá, dirigindo-se “a todo o povo angolano”:
“Nós, FNLA, somos, portanto, obrigados a pegar em armas, para, uma vez mais, dizer não aos que desejam oprimir o povo. Voltamos às armas pelas mesmas razões de 1961. Queremos liberdade e terra para os angolanos”, disse Daniel Chipenda, na sua alocução radiofónica – falava a partir do Rádio Clube do Uíge, delegação local da Emissora Oficial de Angola.
Será desta data um “boato” que correu na cidade carmoniana, sobre a presença de Holden Roberto - por exemplo, numa versão que nos foi contada, com estranho secretismo, num jantar no Escape. Se era secreto, não era para contar.
Luanda continuava com combates: o MPLA, a todo custo, queria tomar de assalto a Fortaleza de S. Pedro, onde estavam “alojados” 600 militares da FNLA, e o cerco durava há já 6 dias. O Estado Maior das FAPLA emitiu um comunicado, admitindo “uma intensa escalada” contra este último reduto da FNLA, em Luanda.
Consequência prática desta situação - o cerco à Fortaleza de S. Pedro - foi a paralização da Petrangol e, a esta data, Luanda teria gasolina para 4 dias.
“Um tanque de combustível para aviões a jacto foi danificado nos violentos combates de ontem, em torno do forte, que tem sido o principal campo de treino da FNLA, desde que o ocupou, há algumas semanas”, noticiaram a Reuters e a France Press. Admitia-se mesmo que o problema poderia “prejudicar a ponte aérea em curso para Lisboa”.
No Caxito, a 50 quilómetros de Luanda, o MPLA destruiu um blindado da FNLA e impediu o avanço de uma coluna de carros de combate. Mais perto de Carmona, o caminho de ferro entre Luanda e Malanje foi cortado a 40 quilómetros Salazar (Dalatando) - cidade que, noticiava o Diário de Lisboa de 22 de Julho de 1975, “está hoje praticamente abandonada”.
- ELNA. Exército de Libertação Nacional de Angola, braço armado da FNLA.
- FAPLA. Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, braço armado do MPLA.- ESCAPE. Restaurante muito em moda, ao tempo, e muito frequentado por militares portugueses.
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