O Comando do Sector do Uíge e Zona Militar Norte, em Carmona, em imagem de 24 de Setembro de 1975. Agora, é o Tribunal Militar do Uíge |
Aos dias 28 de Julho de 1975, há 45 anos, a cidade de Carmona, capital do Uíge - e assim denominada depois da independência - continuava aparentemente calma mas... tensa!, devido às delicadas relações com a FNLA e as crescentes e cada vez mais levedadas críticas da comunidade civil aos Cavaleiros do Norte que, a todo o custo, procuravam «evitar males futuros».
Tão crescentes e levedadas como acesas e injustas. Imerecidas.
Os militares do BCAV. 8423, na verdade, mesmo asperamente hostilizados e, dia a dia, muito insultados, não se regateavam para defender pessoas e bens, com o riso da própria vida. E isso ainda hoje muitos daqueles que por lá foram protegidos não conseguem entender, muito menos agradecer.
E os riscos corridos pelos Cavaleiros do Norte foram muitos, a fazerem doer a alma e o corpo daqueles que, na imberbidade dos seus 22 para 23 anos, ali estavam dispostos a tudo, corajosamente, para defender pessoas e bens, até a dar vida por terceiros!
O furriel Viegas e o capitão Domingues, do QG da Região Militar de Angola |
A retirada dos Cavaleiros
do Norte para Luanda
A 28 de Julho de há 45 anos, de novo o Comando do BCAV. 8423 - o tenente-coronel Caros Almeida e Brito, oficial de Cavalaria - reuniu com «elementos do Quartel General da Região Militar de Angola», para preparar a operação de retirada de Carmona para Luanda.
O mesmo acontecera a 23 e repetiu-se a 29 desse mês e o objectivo essencial era «obter os meios necessários à execução de tal operação».
Que se adivinhava nada fácil. Nem pelo contrário - como o tempo veio mostrar.
Um dos elementos do QG era o capitão Domingues - que eu conhecera da sua relação familiar (primo) com Maria de Fátima Resende, ao tempo esposa de José Bernardino Resende, conterrâneo e amigo (entretanto já falecido). Mora agora na zona do Estoril, já há bastantes anos aposentado da sua carreira militar e com alguns problemas de saúde.
O tenente-coronel Gilberto Santos e Castro, oficial português
que comandou tropas da FNLA e Holden Roberto,
presidente da mesma FNLA, aqui no Ambriz e em data
desconhecida (no ano de 1975)
|
Blindados da FNLA
a ocuparem o Caxito
A 28 de Julho de 1975, um domingo, soube-se que o tenente-coronel Santos e Castro era o ex-oficial português que, no Caxito, comandava as tropas da FNLA - que dali tinham expulsado o MPLA, após «duros e violentos combates».
Gilberto dos Santos e Castro era prestigiado oficial português e tinha sido comandante da 1ª. Companhia de Comandos de Angola. Era irmão do engº. Fernando Santos e Castro, que fora Governador Geral de Angola, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e deputado nacional.
A situação no Caxito estava «estacionária, com alguns blindados da FNLA a ocuparem a localidade desde há alguns dias», mas sem conseguirem
Raúl Corte Real, capitão miliciano e co- mandante da CCAÇ. 4145. de Vista Alegre |
A CCAÇ. 4145 e
a 1ª. CART. 6322
Um antes, o comandante Carlos Almeida e Brito, deslocou-se a Vista Alegre (a 28 de Julho de 1974), em «contacto operacional» com a ali aquartelada CCAÇ. 4145 - que era comandada pelo capitão miliciano Raúl Corte Real.
Ainda neste mesmo dia de há 46 anos, registou-se «a retirada do Subsector», da 1ª. CART do BART. 6322, que «trabalhava na área dos «quartéis» de Camabatela e Quiculungo» - a ZA do BCAV. 8423.
Os artilheiros da 1ª. CART. 6322, recordemos, faziam parte do Comando Operacional de Tropas de Intervenção 2 (COTI 2) e estava, há 46 anos e desde 18 de Julho anterior, sob dependência operacional do BCAV. 8423.
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