CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 29 de julho de 2020

5 133 - Fome no Uíge angolano? Estradas bloqueadas pelo MPLA!


O tenente João Elói Mora, que nasceu há 94 anos e faleceu a 21 de Abril de 2003, aqui na avenida do
Quitexe e em frente à Messe de Oficiais, com os furriéis miliciano Neto, Viegas e Monteiro, de Opera-
ções Especiais (os Rangers) e o 1º. cabo escriturário Miguel Teixeira 

Cavaleiros do Norte do PELREC da CCS do BCAV. 8423:
Alberto Ferreira, 1º. cabo João Pinto, Francisco Madaleno
 e João Marcos. Todos atiradores de Cavalaria!

O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423, continuou, a 29 de Julho de 1975, há 45  anos..., a reunião com oficiais do Quartel General (QG) da Região Militar de Angola (RMA), para preparar a rotação dos Cavaleiros do Norte para Luanda. Começara na véspera.
O objectivo, recordemos, era «obter os meios necessários à execução de tal operação», que, vale a pena relembrar, era comummente entendida como muito difícil. Como foi. Uma operação, citando o livro «História da Unidade», que «não se adivinhava fácil». 
Os tempo eram de muita intranquilidade, Carmona continuava muito expectante quanto ao futuro próximo das suas gentes, principalmente as civis, sendo já certo que a última guarnição militar portuguesa ia abandonar a cidade e o distrito/província. A imprensa do dia, aliás, era catastrófica quanto à área uíjana do norte de Angola, onde os Cavaleiros do Norte ainda eram o garante da segurança de pessoas e bens. 
O Diário de Lisboa, vespertino da capital portuguesa, dessa terça-feira de há 45 anos dava conta que «40 pessoas morrem diariamente de fome no distrito».
«A escassez de alimentação tornou-se desesperada com a chegada de mais de 300 000 angolanos oriundos do Zaire, onde se refugiaram durante a guerra da independência», noticiava o Diário de Lisboa, precisando que «ao mesmo tempo, continuam a afluir ao distrito os refugiados da região de Luanda, onde mais de 300 pessoas foram mortas nos combates que opuseram, durante este mês, dois movimentos de libertação antagónicos». Chamando-os pelos nomes, o MPLA e a FNLA.
Soube-se da chegada de alguns refugiados, é verdade, alguns dos quais nós acompanhámos desde a fronteira do Zaire. Mas 300 000? Dividamos muito!
Notícia do Diário de Lisboa de 29/07/1975.
Fome em Carmona? Não nos lembramos!

Fome em Carmona?
Não nos lembramos !

A FNLA,  que se achava dona e senhora da terra uíjana, tudo fazia para militarmente se impor, nesses tempos de há 45 anos. 
Avivando memórias, não é fácil esquecer os momentos de tensão que se viveram, então, nos principais acessos à cidade de Carmona e onde, a todo o custo e totais riscos, os Cavaleiros do Norte impunham a ordem, todos os dias, evitando assaltos ao comum cidadão que circulasse nas estradas do Uíge.   
A FNLA queria impedir a saída ou entrada de cidadãos, a troco de serem amigos ou inimigos. O mesmo fazia o MPLA noutros pontos. 
«As estradas de acesso ao Uíge, dominado pela FNLA, estão bloqueadas pelo MPLA. Por isso, os abastecimentos de urgência tem de ser feiro pelo ar», reportava o Diário de Lisboa. E, a memória não nos falha aqui, eram muitos os voos que de Luanda abasteciam Carmona. Ora aterrando no aeroporto civil da cidade, ora no aeródromo militar do Negage - a uns 40 quilómetros da capital do Uíge.
Fome em Carmona, por esses tempos de há 45 anos, épicos tempos dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, francamente não nos lembramos. Fartura, não haveria. Mas fome?
João Elói Mora,
tenente da CCS

Tenente João Elói Mora
nasceu há 943 anos !

O tenente  João Elói Borges da Cunha Mora, adjunto do comandante da CCS do BCAV. 8423, nasceu há 94 anos, em Pombal, no dia 30 de Julho de 1926. 
Militar de carreira, apresentou-se no BCAV. 8423, em Santa Margarida, ainda como alferes e foi promovido a tenente com a mobilização para Angola - onde, no Quitexe e Carmona, foi imortalizado como Tenente Palinhas. E porquê? Porque exigia a palada a todos os militares de patente inferior e, não a antecipando eles (como era do regulamento), batia-a ele, para que lha batessem.
Casado com uma senhora de origem indiana, que o acompanhou na jornada africana do Uíge angolano, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e continuou a sua carreira militar, cuja evolução desconhecemos.
Faleceu a 21 de Abril de 2003. há 17 anos, e hoje, quando faria 94 anos, o recordamos com saudade. RIP!

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