O BC12, cercado a negro, e o bloco residencial militar, a amarelo (em cima).
Mosteias e Viegas e, sentados, Bento, Cruz e Pires de Bragança (em baixo).
Em primeiro plano, vê-se a estrada de Carmona para o Songo e que passava em frente ao BC12
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A meados de Julho de 1975, abandonámos a messe do bairro Montanha Pinto e fomos instalar-nos no bloco residencial militar que ficava a uma centena da metros do BC12, à esquerda, antes de chegarmos ao quartel, indo de Carmona para o Songo.
Faziam-se dias de véspera da saída para Luanda e este passo era um mais, nessa rota ambicionada.
As patrulhas, as escoltas, os serviços, tudo continuava - acumulando eu (e quero lembrar-me que) também o Guedes (da 2ª. CCAV.) e o Carvalho (3º. CCAV.) o serviço de Polícia de Unidade, criada no espírito da Polícia Militar (lá inexistente) e por em Março, à nossa chegada a Carmona, ter sido considerada necessário. Chegados à cidade, no dia 2, logo foi oportuna «a promulgação de novas NEP, ou alteração das mesmas», sobretudo aprudentando «a resolução das muitas quezílias entre a população civil e as NT, devido à animosidade que aquela tem a esta». E citei o LU.
Uma noite, daquelas noites d´Angola, fartas de calor e passadas nas imensas esplanadas da cidade, estávamos vários militares a matar a sede quando começaram a «chover» insultos, de gente nova, atrevida, azougada e mal-educada. Seríamos nós, na boca deles, uns garotos, uns traidores, uns cobardes, uns filhos desta e daquela. Fomos ouvindo, remoendo e enchendo o saco, procurando não reagir às provocações. Assim éramos instruídos.
Até que não deu para mais.
O Mosteias, grandalhão e forte como é (olhem a foto: está sentado e é da minha altura e eu tenho 1,80!), levantou-se decidido, firme, sem nada temer, olhou o grupo provocador e siderou o espaço e as almas daquela gente que nos invectivava. Estariam ali, a desfrutar a noite, perto de uma centena de pessoas.
«Saiam, avancem, um por um...», gritou ele, com o sangue a subir-lhe nas veias e a engrossar-lhe o pescoço, de rosto avermelhado e punhos fechados. E não estava para brincadeiras. Era o estavas...
Eu, o Pires, o Rocha (e quem mais?) pusemo-nos em guarda. Levantados, de mãos caídas mas prontas a tudo. Estávamos para que desse e viesse! Viveram-se momentos tensos.
Felizmente, os jovens civis (e os mais maduros, que os incentivavam e protegiam) tiveram o bom-senso de se calarem. Mas esteve para o torto, a coisa! E o Mosteias a protestar, a gritar, a apontar de dedo em riste e a acusar quem nos maltratava. Viessem todos, «um a um!...».
- BC12. Batalhão de Caçadores 12, onde, em Carmona,
se aquartelaram os Cavaleiros do Norte.
- NEP. Normas de Execução Permanente.
- PM. Polícia Militar.
- LU. Livro da Unidade.
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