Gasolinas e Carpinteiro na parada do BC12, em Julho de 1975
A esse tempo, florescia no BC12 (e na cidade) a «indústria» dos caixotes - o que chamávamos aos contentores de madeira, com a cubicagem que era atribuída a cada militar para despachar o que entendessem para Lisboa. Não foi o meu caso, que, para além da mala e um saco TAP que levei, apenas lhe acrescentei uma mala (dada pelo Pires de Bragança) onde arrumei a minha correspondência e apontamentos da jornada angolana.
Quem fazia muitos caixotes, uns atrás dos outros, era o Carpinteiro. Não para ele, mas principalmente para o capitão Oliveira (o comandante da CCS) e os 1º.s sargentos - que neles carregaram todo o tipo de coisas. Ao tempo, ficou famoso o envio de uma urna, cheia de acúcar, arroz, bebidas (wiskyes, principalmente), barcos pneumáticos, até moto-serras.
Era o tempo em que, definitivamente apreensiva com o desenrolar dos acontecimentos e já certos do que seria o futuro próximo, após a saída da tropa, a comunidade civil negociava a compra desses caixotes (contentores), oferecendo fundos e mundos. A mim, até um certificado de habilitações ofereceram. O que não aceitei.
Milhares e milhares de caixotes, de toda a Angola, chegara a Lisboa - muitos deles por lá sendo roubados, outros desaparecidos, aqueloutros vandalizados. E muitos nunca terão chegado ao destino certo. Assim aconteceu ao do (alferes) Carlos Silva, da 3ª. CCAV. 8423. Mandar, mandou o caixote. Mas nunca mais o viu.
- CARPINTEIRO. Manuel Augusto da Silva Marques, 1º. cabo carpinteiro.
Natural de Esmoriz (Ovar), onde faleceu a 1 de Novenbro de 2011, de morte súbita.
- GASOLINAS. João Fernando Carvalho Dias Monteiro, 1º. cabo de combustíveis
e lubrificantes. Residente em Vila Nova de Gaia.
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