António Carlos Letras, José Manuel Costa, António Artur César Guedes e José
Gomes, furriéis milicianos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa (2ª. CCAV. 8423)
A 13, que era sábado (como hoje), fui à vila (a Águeda), laurear o queijo e achar amigos de quem tinha saudades, para fazer o «cadastro» dos 15 meses que estive por Angola. Mas, afinal, fui eu o interrogado, sobre o que por lá se passava. O que tinha actualizado era da leitura de jornais, já por cá. E o que diziam? Que Agostinho Neto, em Luanda, tinha anunciado a Semana do Poder Popular, iniciada precisamente no dia da nossa saída (8 de Setembro) e que o MPLA se preparava para «varrer definitivamente do país as forças ao serviço do imperialismo e do neocolonialismo» - forma de dizer FNLA e UNITA.
O MPLA consolidava as suas posições no território, apelava à «resistência popular generalizada» e, voávamos nós para os céus de Lisboa quando, em Luanda, o major Fernandes, informador do Exército Português, declarava que «neste momento, a FNLA não parece estar à altura de ameaçar Luanda» e que o MPLA, de sua vez, «devido à disciplina que reunia nas suas fileiras, revelou uma maior maturidade no terreno». Também afirmou que, a sul, as tropas de Agostinho Neto estavam «quase a completar o cerco à UNITA, essencialmente concentradas em Nova Lisboa e Silva Porto».
A FNLA, essa resistia a norte. Ambriz e a «nossa» Carmona eram os palcos da sua concentração de forças. O dia da independência (11 de Novembro), já estava menos de dois meses e o novo Alto Comissário, Leonel Cardoso, nesse mesmo 8 de Setembro (o da nossa viagem) deu posse a 4 directores gerais que, na prática, substituíam os ministros da UNITA e da FNLA que «tinham abandonado o Governo de Transição».
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