CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 23 de julho de 2022

5 872 - Reunião de Comandos em Carmona! Cessar-fogo entre MPLA e FNLA e ataque à bomba num jornal!

Comando da Zona Militar Norte (ZMN) e Comando do Sector do Uíge (1975) na praça
principal da então cidade de Carmona. Chamada Uíge desde a independência.
Repare-se na Bandeira Nacional Portuguesa hasteada!
d
Cavaleiros do Norte da CCS no Topete, do Quitexe: 1º. cabo João 
Monteiro (Gasolinas), NN, José Coelho (já falecido) e António
Calçada  (sapadores) e NN (também sapador e 1º. cabo)
Quem são os NN? Alguém se lembra dos nomes?

A 23 de Julho de 1975, hoje se completam 47 anos, o edifício da (então já extinta) Zona Militar Norte (ZMN) e do Comando do Sector do Uíge (CSU), na cidade do Uíge, foi palco de duas importantes reuniões. Uma, com os comandos da FNLA; outra, com elementos do GG/RMA, para preparar a evacuação do batalhão -os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Os dois impedimentos de saída dos MVL, dias antes - a 13 e 21 de Julho - estiveram no «plano de operações» (chamemos-lhe assim) do encontro com os dirigentes da FNLA - do ppresidente Holden Roberto -, que desde há dias pretendiam as armas que o BC12 aquartelava e, em particular, as que tinham sido da PIDE/DGS. E ameaçava, as NT, através do seu Exército de Libertação Nacional de Angola , o ELMSA - que do Uíge expulsara as FAPLA do MPLA nos primeiros 6 de dias de Junho anterior.
A exigência criou grandes constrangimento entre o pessoal militar (os Cavaleiros do Norte) até porque, por esses dias (já de 15 de Julho), passou a ideia de que o comandante Almeida e Brito iria ceder a essa pressão - o que não viria a acontecer.
O edifício da ZMN/CSU, em Carmona, é agora o
Tribunal Militar das FAA do Uíge. Foto do dia 25 de
 Setembro de 2019, quando lá passou o furriel Viegas

A FNLA a querer vingar as
derrotas de Luanda e Salazar
e outras localidades !

No terreno, nas ruas da cidade, mantinha-se o clima de tensão, avolumado pelos dois impedimentos de saída das colunas militares portuguesas. 
A FNLA, armada e dona da guerra uíjana, tudo fazia para vingar as derrotas de Luanda, Salazar e outras localidades do chão angolano. Eram vulgares os insultos da comunidade civil à militar e tudo era motivo para um plenário, um comício de rua, uma arruaça. Multiplicavam-se os assaltos a casas e a civis europeus. 
As nuvens de insegurança matavam esperanças e levedavam medos.
Lisboa não mandava notícias melhores: o PS abandonou o Governo e uma semana depois (a 17 de Julho) o PPD (actual PSD) fez o mesmo. Fervia o Verão Quente desse ano. O momento era extremamente confuso, numa altura em que não sabíamos, mas a revolução procurava-se a si mesma, ao fim de 15 meses - com manifestações de violência, incêndios nas ruas e mini-vanguardas políticas a quererem lavrar o seu caminho. Que queriam fazer caminho para o país.
Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas
Savimbi, respectivamente presidentes
do MPLA, FNLA e UNITA


Cessar-fogo entre MPLA e FNLA
e ataque à bomba a um jornal


O mesmo dia de há 47 anos foi tempo da assinatura de (mais um) um acordo de cessar-fogo entre o MPLA, do presidente Agostinho Neto, e a FNLA, de Holden Roberto, depois de reunião com a Comissão Nacional de Defesa, presidida pelo general Silva Cardoso, o Alto-Comissário. 
Os dois movimentos aceitaram manter as suas tropas nas suas posições, até pelo menos a reunião entre os três Chefes dos Estados Maiores. Desconhecemos as razões por que a UNITA de Jonas Savimbi não fez parte deste acordo.
A noite de véspera registou um ataque à bomba ao «Jornal de Angola» (o anterior «A Província de Angola»), que era tido por os seus trabalhadores terem «posições próximas da FNLA».
Os prejuízos foram «muito elevados», tendo as portas e janelas ficado «destruídas pela explosão», assim como as duas rotativas. Estava pouco pessoal nas instalações, mas, ainda assim, «ficaram feridos um polícia militar e um tipógrafo».

A morte, por suicídio, do 
José A. Nunes Louro,
1º. cabo sapador
1º. cabo sapador Louro !

O 1º. cabo José Adriano Nunes Louro, Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423, faleceu há 14 anos, a 23 de Julho de 2008, vítima de suicídio.
Sapador da CCS e natural de Casal do Pinheiro, freguesia de Casais, no concelho de Tomar, lá voltou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano - que nos levou ao Quitexe e a Carmona.
A morte da espoca, há 14 anos e vitima de doença cancerosa, deixou-o viúvo e deprimido, enlutado e de alma a sofrer. Logo depois agravou-se o drama,  quando lhe foi despistada doença do mesmo foro. Foi isso que o levou ao suicídio, para, como corajosamente deixou escrito, «não fazer sofrer a família» - como ele próprio tinha sofrido com a dolorosa doença da esposa. Assim nos contou o filho, que é 1º. sargento do Exército.
Hoje o recordamos com saudade!

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