Porta d´armas dos Cavaleiros do Norte, no Quitexe (à direita). Vê-se
a bandeira portuguesa no edifício do comando do Batalhão de Cavalaria 8423
A 4 de Fevereiro de 1974, em Santa Margarida, apresentou-se o major de cavalaria Ornelas Monteiro, que seria o 2º. comandante do Batalhão de Cavalria 8413. Seria, porém, por pouco tempo. Na verdade, «por motivos imperiosos de serviço» foi solicitado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) e não seguiu para Angola.
Acabou por ser «deslocado nas vésperas do embarque» para o Comando Chefe das Forças Armadas de Guiné (Bisau).
Um ano depois, a 6 de Fevereiro e no Quitexe, sabíamos que o Alto-Comissário de Portugal em Angola, responsabilizou o MPLA pelos incidentes do bairro de S. Paulo, no dia 3 - nos quais morreram o capitão Rodrigo Pinheiro e o alferes José Santos.
“Um numeroso grupo de elementos da população pretendeu assaltar e saquear o estabelecimento de um comerciante, acusado de ter morto, na véspera, dois civis negros”, lê-se no comunicado, acrescentando que (o comerciante) foi retirado do local pelas FAP e FAPLA e que «um posterior aglomerado de pessoas e concretização do assalto levou a nova intervenção das FAP e das FAPLA mas também do ELNA, que contiveram os ânimos, com alguns disparos para o ar, sem consequências”.
O facto de “um civil ter sido retirado do local numa viatura das FAP levou a população a tomá-lo pelo comerciante, chegando a apedrejar os militares que o acompanhavam”, refere o comunicado.
Foi nesta altura que “começaram os tiros, inicialmente para o ar e de seguida com pontaria baixa, atingindo mortalmente um capitão e um alferes das FAP, um sargento do ELNA e 5 elementos civis», ferindo ainda um capitão das FAP (Manuel Guilherme Figueiredo), dois militares do ELNA e 9 civis.
O comunicado do Alto Comissário Silva Cardoso cita o relatório da comissão de inquérito para concluir:
1 - Que se admite que os disparos que provocaram as baixas foram feitos por elementos das FAPLA.
2 - Que não ficou provada a intenção de provocar vítimas.
3 - Que não ficou provado que o desencadeamento da acção de fogo tenha sido ordenada.
O Comité Central do MPLA, sobre o incidente, ordenou à suas chefias militares a abertura de um inquérito para “esclarecer a verdadeira identidades dos autores dos disparos”.
- FAP. Forças Armadas Portuguesas.
- FAPLA. Forças Armadas Poplares de Libertação de Angola (MPLA).
- ELNA. Exército Nacional de Libertação de Angola (FNLA).
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