Carmona: o edifício da antiga Zona Militar Norte (ZMN) é agora o Órgão de Justiça Militar do Uíge |
A última quinzena de Maio de 1975, há precisamente 42 anos e pelas bandas do Uíge angolano, foi tempo de «manter-se o permanente patrulhamento dos centros urbanos e dos principais itinerários, especialmente em Carmona, considerada a área mais fulcral».
A FNLA estava em «maioria» na província uíjana - era mesmo o seu grande feudo militar!!!... - e insistia em repetidamente desconsiderar a posição das NT.
O furriel A. Rodrigues nas traseiras da ZMN |
Desconsiderar a posição das NT e os acordos
que assumia com os comandos militares portugueses. Não raras vezes se registaram escaramuças que implicaram intervenções mais musculadas das patrulhas dos Cavaleiros do Norte que, «com sacrifício do pequeno efectivo existente», tinham de garantir a segurança de pessoas e bens - ainda que frequentemente insultadas e ameaçadas. «Sucede que o Uíge, a bem ou mal, terá que ser a terra da FNLA e, consequentemente, não será bem aceite no seu solo qualquer outra opção política, donde resultam permanentes quezílias entre movimentos, as quais dia-a-dia vão tendendo a aumentar», lê-se no Livro da Unidade, fazendo memória dessa época da jornada africana dos Cavaleiros do Norte no Uíge angolano.
Os presidentes Holden Ro- berto (FNLA), Agostimho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA) |
Cimeira a 1 de Junho
e com os portugueses
A 19 de Maio de 1975 soube-se, ainda que sob forma de rumor - e rumores era o mais se ouvia por lá... -, que «a Cimeira entre os três movimentos de libertação de Angola deve(ria) realizar-se a 1 de Junho, em Luanda».
Um dos pormenores que os meios políticos luandinos mais consideravam como contribuinte de tal hipótese era o facto de o jornal «A Província de Angola», diário que se publicava em Luanda, afecto à FNLA, e como referia o Diário de Lisboa desse dia, «estar a anunciar desde há dias e com uma certa insistência, o regresso de Holden Roberto a Angola».
Agotinho Neto, presidente do MPLA, considerava a cimeira como «necessária e o mais urgente possível», pois, como referiu, «apesar das diferenças ideológicas e metodológicas, é necessário ao interesse de Angola encontrar um compromisso viável para que o Governo de Transição funcione». E também considerava «absolutamente imprescindível» a participação portuguesa.
«Não posso conceber solução para os problemas angolanos sem o seu con-curso», disse Agostinho Neto, sublinhando que «a parte portuguesa detém a soberania do país e é parte do Governo de Transição».
Manuel Maia, o Padeiro de Zalala |
na Maia e Figueira da Foz
A 19 de Maio de 1975, pelo menos três Cavaleiros do Norte festejaram os seus verdes 23 anos de então: o 1º. cabo Miguel, da CCS (de quem já aqui ontem falámos), o Maia de Zalala e o Rocha de Santa Isabel.
Manuel Maia da Costa era soldado atirador de Cavalaria e por Zalala e Vista Alegre foi padeiro. É de Mandim, da Barca, na Maia, lá voltou a 9 de Setembro de 1975 e por lá faz vida como lacador - agora residente em Gonvim, em Castelo da Maia.
Manuel Reis da Rocha era soldado condutor e, morando em Arneiros de Fora, freguesia de Maiorca, na Figueira da Foz, lá reside, lá regressou a 11 de Setembro de 1975 e dele nada mais sabemos.
Ambos em festa dos 65 anos, neste dia 19 de Maio de 2017, para ambos vai o nosso abraço de parabéns. E que a data, feliz, se repita por muitos e bons anos.
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