Alferes milicianos à porta da messe de oficiais do Quitexe: Pedrosa de Oliveira, Jaime Ribeiro, António Cruz, António Garcia e José Hermida |
A partida dos Cavaleiros do Norte es-
tava iminente, estávamos a 23 de maio de 1974 (seria a 27 e passou para 29) e tudo o que era notícia de Angola nos interessava. Nesse dia, uma nota das Forças Armadas Portuguesas «desmentiu categoricamente» um comunicado do MPLA, segundo o qual as nossas forças teriam sofrido uma emboscada do (mesmo) MPLA em Cabinda, com «11 mortos e 12 feridos».
Desmentido das Forças Armadas Portuguesas foi notícia no Diário de Lisboa de há 43 anos |
Era para esta Angola que iam partir os Cavaleiros do Norte e nessa noite de há 43 anos lembro que, feitas as palavras cruzadas do Diário de Lisboa (onde lemos a notícia), adormeci a pensar nas contingências que nos esperavam.
Um outro comunicado, este do Serviço de Informação Pública da Forças Armadas, dava conta de mais uma norte em combate e em Angola: a do soldado Domingos Manuel Chilingano, do recrutamento local e natural de Malanje.
A situação na Guiné, cujo processo de independência estava mais avançado (o PAIGC já recebia os embaixadores da URSS, Argélia, República da Guiné, Jugoslávia e Roménia, seguindo um comunicado das Forças Armadas Portuguesas) era mais dramática: 6 miliyares portugueses mortos, entre 1 e 15 de Maio desse ano de 1974.
O BC12, em Carmona, onde se aquartelava o BCAV. 8423, na estrada para o Songo e visto do lado desta cidade uíjana |
Cavaleiros do Norte
em alerta uíjano...
Um ano depois, pelas bandas do Uíge, os Cavaleiros do Norte estavam cada vez mais «avisados» da iminente probabilidade de os repetidos incidentes locais se multiplicarem e agravarem. De, afinal, serem extensão das confrontações que se registavam um pouco por todo o território angolano e principalmente em Luanda.
As «permanentes quezílias entre os movimentos» tendiam a aumentar, na verdade, e as precauções dos Cavaleiros do Norte ganharam dimensão mais intensa, permanente, de dia e de noite, na cidade de Carmona e outras zonas urbanas do Uíge - no Songo onde se aquartelava a 1ª. CCAV. 8423, no Quitexe onde ainda estava a 1ª. CCAV. 8423, ou no Negage, da CCAÇ. 4741 e em Sanza Pombo, onde estava a BCAÇ. 4911 (antes de rodada para o Negage).
Mal imaginávamos o que iria rebentar na madrugada de 1 de Junho seguinte.
Manuel Augusto Nunes, o Ama- rante, em imagem dos seus últimos tempos de vida |
A morte do sapador
Nunes, o Amarante!
O soldado Nunes, o Amarante, faleceu há 17 anos, vítima de doença - a 24 de Maio de 2000.
Manuel Augusto Gomes, de seu nome completo e popularmente conhecido pelo nome da sua cidade natal, integrou o Pelotão de Sapadores da CCS dos Cavaleiros do Norte - dele sendo um dos mais irreverentes e, até, contestatários.
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, cumprida a comissão para que fora mobilizado, fi-
xando-se na Estradinha, em Telões (Amarante), de onde era. Sabemos que se consorciou com uma senhora relativamente mais velha e que não teve filhos. Morreu de doença, aos 48 anos - que tinha feito a 6 de Fevereiro de 1952.
Recordamo-lo com saudade, fazendo memória de um companheiro da nossa jornada africana de Angola.
Sem comentários:
Enviar um comentário