A reunião de Comandos do BCAV. 8423, a 15 de Junho de 1974 - da qual ontem já aqui falámos -, para «encontrar a melhor solução para o dispositivo», preparou o plano de «fazer em rotação pelas subunidades, a cobertura de todos os Destacamentos».
O plano mereceu «aprovação generali-
zada» e, por isso mesmo, refere o Livro da Unidade, «iria ser posto em execução em Julho de 1974», numa Zona de Ac-
ção (ZA) «onde se encontram sediados
Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, todos furriéis milicianos: Matos, Guedes e Melo (de pé), Letras, Gomes e Cruz |
vidade esteve sempre orientada sobre esses refúgios, dando-se paralelamente apoio aos fazendeiros e à estrutura económica das actividades do Subsector».
Nesse mês, decorria a apanha do café - que era a principal actividade económica do Uíge.
Escoltas e segurança
nos itinerários
Um ano depois e já em Carmona e na «ressaca» da trágica primeira semana desse Junho de 1975, os Cavaleiros do Norte continuavam «actividades militares iguais às do antecedente», mas agora, como sublinha o Livro da Unidade, «houve que acrescentar a realização de diversas escoltas, porquanto, perdida que foi a liberdade de itinerários, só se garante a certeza de movimentos como apoio militar, quando não até o aéreo».
Terá sido nesse tempo que aconteceu um delicado incidente com um camionista, com uma enorme carga de sacos de café, em direcção a Luanda, que tentou escapar ao controlo-auto e, a tal obrigado, perdeu a cabeça e reagiu desabridamente, chegando a querer disparar sobre os militares do PELREC - que asseguram a operação.
Escapar ao controlo seria extremamente difícil, para não dizer impossível, e sabendo-se publicamente do objectivo dessas operações militares - que era garantir a liberdade de trânsito -, isso levou a desconfiar do comportamento do camionista. Veio a saber-se que, escondidas entre os sacos de café, transpor-
tava também vários malotes com armas ilegais. Foi detido e entregue às autoridades civis.
Em Luanda, «a situação continua(va) tensa», depois de uma «manifestação de europeus junto ao Palácio do Governador», depois da «morte de um comerciante no Bairro da Cuca» - quando telefonava para o COPLAD, por lhe estarem a assaltar a casa.
A Cimeira de Nairobi, entre os três movimentos de libertação, estava marcada para 15 de Junho de 1975, mas foi adiada para o dia seguinte - devido ao atraso da chegada da Delegação do MPLA, por causa de «reuniões de última hora com as bases».
O 1º. cabo atirador
Albino Ferreira
O 1º. cabo atirador Albino dos Anjos Ferreira foi Cavaleiro do Norte do PEL-REC, da CCS, e da 1ª. CCAV . 8423, a de Zalala. Faleceu a 23 de Janeiro de 2017, vítima de doença.
Natural do Cardal, em Ferreira do Zêze-
re, «emigrou» para Lisboa e por lá fez vida na área da construção civil. Ultima-
mente, trabalhava na área automóvel e a saúde (e outros «azares») foi-lhe dimi-
nuindo capacidades e qualidade de vida.
Angola estava-lhe na alma e dessa saudade nos falou a 29 de Maio de 2010, no encontro de Ferreira do Zêzere - da CCS. Por lá, e por razões disciplinares, foi transferido para a 1ª. CCAV. 8423 em Setembro de 1974 e nos «zalala´s» con-
cluiu a sua jornada africana - depois em Vista Alegre, Songo e Carmona.
Foi um «zalala», o (furriel TRMS) João Dias, a contactá-lo, aí por Novembro de 2016, já muito debilitado e em Almargem do Bispo, em Sintra, onde residia. É desse encontro a imagem que publicamos.
- «O Albino que foi atirador do PELREC. Ver AQUI
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